Existe um antigo provérbio chinês que diz : ''Enquanto os médicos discutem entre si, o paciente morre ''.
K.M.
terça-feira, 31 de janeiro de 2017
''Cash flow and border adjustement ''
O PMI Composto Global (índice de gerentes de compras do setor manufatureiro e de serviços ) saiu do fundo do poço e, em dezembro passado , a produção manufatureira teve teve seu crescimento mais forte em 30 meses , segundo cálculo do JP Morgan-Markit . O crescimento global deve ser mais convincente e linear em 2017 , com a reversão do ciclo de estoques. A economia americana, responsável por 22% do PIB global , 12% do comércio mundial , 11% dos créditos bancários estrangeiros, 35 % das ações negociadas em bolsas, deve cresce 2,2% no ano . O risco maior ao comércio mundial está menos no protecionismo e mais no projeto de reforma da taxação de empresa dos Republicanos, tramitando no Congresso dos Estados Unidos. Os republicanos pretendem taxar importações e isentar as exportações , num mecanismo ainda muito pouco detalhado de ''cash flow and border adjustement '' . O potencial de problemas com a OMC que o projeto dos Republicanos pode vir a causar não nem um pouco irrelevante. O novo sistema de taxação direta corporativa pode dar às empresas americanas muitas vantagens comparativas. Haverá sérios problemas com a OMC se o novo sistema discriminar ou embutir tarifas escondidas às importações ou subsídios escondidos às exportações. O resultado de tais é medidas será certamente uma onda de redirecionamento comercial entre outros países ou blocos comerciais.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2017
Return chasing behavior.
Return chasing behavior: tendência a reagir a movimentos mais recentes do mercado, alocando em ativos com melhor desempenho recente e se desfazendo daqueles com performance mais baixa. Existem muitas evidências estatísticas de que os investidores reagem à performance passada e , mais do que isso, essa reação é assimétrica. Os fundos dos quartis superiores têm captação proporcionalmente maior que os resgates sofridos pelos de pior performance, e a explicação está nos custos de transação e na demora em se desfazer de uma alocação. Restringir a análise à performance recente, dando pouco peso à consistência dos resultados. O retorno histórico não deve ser utilizado para prever os retornos futuros, sob pena de sentir-se o investidor acometido de tonteiras logo nos primeiros de graus que tiver que subir. Mas, tendo certa vez um crítico escrito que na Vista de Delft, de Vermeer, havia um pedacinho de muro amarelo (de que ninguém se lembrava) tão bem pintado que era, se lhe fixassem o olhar , como uma preciosa obra de arte chinesa, de uma beleza que se bastava a si mesma ---- passaram diante de todos os outros quadros da exposição sob uma forte impressão de secura e inutilidade de uma arte menor que consideraram artificial diante daquele Veermer cintilante , diverso de tudo quanto conheciam em matéria de pintura., onde finalmente fixaram o olhar naquele pedacinho de muro amarelo. Suas tonturas, no entanto, aumentaram ainda mais. .. não conseguiam mais tirar os olhos daquele pedaço de muro amarelo, como uma criancinha diante de uma borboleta amarela que querem agarrar. A gravidade de suas tonturas não me escapavam : numa celeste balança de estatísticas lhes apareciam, deposta num prato cheio de dinheiro, suas próprias vidas, ao passo que o outro prato continha aquele pedacinho de muro amarelo tão bem pintado.
K.M.
domingo, 29 de janeiro de 2017
México - Tenochtitlán.
A metáfora do mundo como montanha e da montanha como doadora de vida materializam-se na pirâmide com um literalidade espantosa . Sua plataforma- santuário, quadrada como o mundo, é o teatro dos deuses e o seu campo de jogo. Qual é o jogo dos deuses ?? Jogam com o Tempo e o seu jogo e a criação e a destruição dos mundos. Oposição entre o trabalho e o jogo divino: o homem trabalha para comer , os deuses jogam para criar. Melhor dito : para eles não há diferença entre jogar e criar . Cada um de seus lances é um mundo que nasce ou se aniquila. Criação e destruição são noções antitéticas para os homens, mas idênticas para os deuses: TUDO É JOGO. Nos seus jogos ---- que são GUERRAS que são DANÇAS ---- os deuses criam, destroem e, às vezes , se auto-destroem . Ao se imolarem, recriam o mundo. O jogo dos deuses é um jogo sangrento que culmina num sacrifício que é a criação do mundo . A destruição criadora dos deuses é o modelo dos ritos, das cerimônias e das festas dos homens : sacrifício é igual a destruição produtiva . Para os antigos mexicanos, DANÇA era sinônimo de PENITÊNCIA . Parece meio esquisito , mas não é : dança é primordialmente rito, e este é uma cerimônia que reproduz a criação do mundo pelos deuses, num jogo que é destruição criadora . Há uma conexão íntima entre o jogo divino e o sacrifício , que engendra o universo ; a este modelo celeste corresponde outro meramente humano : no rito , a dança é penitência. A equação DANÇA - SACRIFÍCIO se repete no simbolismo da pirâmide : a plataforma da cúspide representa o espaço sagrado onde se dissolve a dança dos deuses, um jogo criador do movimento e, portanto , do próprio tempo ; o local da dança é igualmente , pelas mesmas razões de analogia e correspondência , o local do sacrifício . Ora, para os antigos astecas , o mundo da política não era diferente do mundo da religião: a dança celeste, que é destruição criadora, e também guerra cósmica ; e esta série analógica divina se projeta em outra, terrestre : a guerra ritual (ou ''guerra florida'' ) é o duplo da dança guerreira dos deuses e culmina no sacrifício dos prisioneiros de guerra. Destruição criadora e política de dominação dos outros são a dupla face, a divina e a humana, de uma mesma concepção. A pirâmide, tempo petrificado, local do sacrifício divino, é também a imagem do Estado asteca e de sua missão : assegurar a continuidade do culto solar, fonte da vida universal , pelo sacrifício dos prisioneiros de guerra. O povo mexicano se identifica com o culto solar : sua dominação é semelhante à do sol que nasce cada dia , combate, morre e renasce . A pirâmide é o mundo e o mundo é o México - Tenochtitlán : deificação da nação asteca pela sua identificação com a imagem ancestral do cosmos, a pirâmide . Para os herdeiros do poder asteca, a conexão entre os ritos religiosos e os atos políticos de dominação desaparece mas , o modelo inconsciente do poder continua sendo o mesmo : a pirâmide e o sacrifício.
K.M.
Como anda esse México ?? (3)
Se o homem é duplo ou triplo, tbm o são as civilizações e as sociedades. Cada país, cada povo mantém um diálogo com um interlocutor invisível que é, simultaneamente, ele mesmo e o outro, seu duplo. Seu duplo ? Qual é o original e qual é o fantasma ? Como a tira de Moebius, não há exterior nem interior e a ''outridade '' não está lá fora , mas sim aqui dentro: a outridade somos nós mesmos. A outridade do México não são os Estados Unidos, mas o próprio México . A dualidade não é uma coisa colada, postiça ou externa ; é a nossa realidade constitutiva, seja de um indivíduo ou de uma nação. Sem outridade não existe unidade, ela é a sombra com que brigamos em nossos pesadelos ; e , ao inverso , a unidade é um momento da outridade : exatamente o momento em que nos sabemos um corpo sem sombra ---- ou uma sombra sem corpo . Nm dentro , nem fora, nem antes nem depois. Com isso quero apenas sustentar que essas realidades que chamamos de culturas e civilizações são tortuosas. Assim, o caráter do México , assim como o de qualquer outro povo, é uma ilusão, uma máscara ; e ao mesmo tempo, ele possui um rosto real. Quando , por exemplo, o ex-Ministro das Relações Exteriores advertiu os mexicanos que o Presidente Trump buscaria cumprir todas as suas promessas de campanha, ele estava falando de um rosto real e atual do México. Mas quando ele instigou o atual Governo a não negociar o NAFTA com o Presidente Trump, ele estava cobrindo o México com sua máscara arquetípica da catástrofe cósmica da Conquista, e ao antecipar a ''Luta Contra a Nova América '' , ele estava buscando algum tipo de representação ritual : muito provavelmente, a representação de um sacrifício. Aliás, entre estes dois extremos, o da façanha e o do rito sacrificial, sempre oscilaram a sensibilidade e a imaginação dos mexicanos. A idéia de renegociar o NAFTA não é de modo algum inaceitável, como afirmou este senhor ao New York Times, ela pode inclusive vir a ser benéfica para os mexicanos, caso haja lisura, honestidade e fraternidade em tal renegociação. Quanto aos que pretendem ver nesse primeiro mês de governo do Presidente Trump um ''caos '' e uma ''crise'', só consigo explicar a tentação destes analistas através de alguma necessidade de ''atualização simbólica'' de ''angústias invisíveis''. É natural que , quando se está buscando quebrar um paradigma de governança liberal, que envolve todos os setores da sociedade americana, o pânico da inteligentsia derrotada seja amplificada pelos holofotes midiáticos como forma (mais do que legítima) de se resistir ou questionar alguns pontos da mudança. Mas o que estamos vendo acontecer na América esses dias é uma coisa bem outra : implementações estratégicas há muito anunciadas provocando pequenos choques aqui e ali, enquanto uma turma que não quer ''largar o osso liberal'' de jeito nenhum procura vivenciar os acontecimentos como se fossem uma representação de mascarados que traçam no tablado da mídia figuras enigmáticas cujo significado da peça que estão representando lhes escapa a todo instante.
K.M.
K.M.
sábado, 28 de janeiro de 2017
Como anda esse México ?? (2)
O tema central da história moderna do México sempre foi a do México desenvolvido e a do subdesenvolvido, o problema de cuja solução depende a existência de seu próprio povo . Em geral, os economistas e sociólogos vêm as diferenças entre a sociedade tradicional e a moderna como uma oposição entre desenvolvimento e subdesenvolvimento : as disparidades entre os dois Méxicos são de ordem quantitativa e o problema se reduz a determinar se a metade desenvolvida poderá ou não absorver a metade subdesenvolvida. Ora, se é normal que as estatísticas omitam a descrição qualitativa dos fenômenos, não o é que os sociólogos não percebam que por trás dessas cifras há realidades psíquicas, históricas e culturais irredutíveis às medidas acadêmicas grosseiras que , forçosamente, os estudos especializados utilizam . Tais quadros estatísticos, por sinal, nem foram pensados para o México, são toscas adaptações de modelos europeus e americanos . No entanto, a parte desenvolvida do México impõe seu modelo à outra , sem perceber que este modelo não corresponde à verdadeira realidade histórica, psíquica e cultura mexicana, que ela é uma mera cópia (muito degradada)do arquétipo norte-americano. E a ironia do destino, agora, obriga o Presidente Peña Nieto a defender um acordo comercial que beneficia mais os Estados Unidos , ao contrário do que pensa o Presidente Trump ; pois de modo algum o NAFTA foi uma benção para o México, nem mesmo uma maldição para os Estados Unidos ---- e há quem defenda que é justamente o oposto . Por causa deste e de outros acordos, o desenvolvimento do México foi, até hoje, talvez o oposto do que significa essa palavra : revelar o que está envolvido, desdobrar-se, crescer livre e harmonicamente . O desenvolvimento mexicano foi uma verdadeira camisa-de-força para o México. Com o Nafta, por exemplo , o Me´xico recebeu investimentos bilionários das montadoras e em serviços , criando bolsões de riqueza incapazes de espalhar prosperidade pelo resto da nação e reduzir a grande desigualdade de renda entre os mexicanos. Uma falsa libertação : se aboliu muitas das antigas e insensatas proibições, em compensação agora os mexicanos são sufocados com exigências não menos terríveis e onerosas . O espírito desabitou o México com a chegada do progresso à moda moderna. E hoje, para ser referirem ao México subdesenvolvido, muitos antropólogos usam uma expressão reveladora : ''cultura da pobreza'' . Designação não de todo errada, mas insuficiente : o outro México é pobre e miserável ; e além disso, é efetivamente ''outro'', e essa ''outridade''escapa às noções reducionistas de pobreza e riqueza , desenvolvimento ou atraso ; é um complexo de atitudes e estruturas inconscientes que , longe de serem sobrevivências de um mundo pré-colombiano extinto, são ''pervivências '' constitutivas da cultura mexicana contemporânea, como descobrimos lendo as obras de Carlos Castaneda . O ''outro'' México , o submerso e reprimido , reaparece no México moderno ; mas só falamos com ele quando falamos sozinhos, ou em estado de silêncio interno; quando falamos com ele, é como se falássemos conosco mesmo... O Presidente Trump culpa o NAFTA pela perda dos empregos da indústria, mas o que migrou para o México foram os empregos de baixos salários, os mesmos que os imigrantes ilegais disputam nos Estados Unidos. A consequência do NAFTA sobre a média dos trabalhadores americanos foi perto de zero , mas muito negativas para uma minoria de regiões isoladas, exatamente aquelas que apoiaram o novo presidente com mais entusiasmo. E talvez ele não esteja errado de pensar nela, quando insiste em cumprir suas promessas de campanha à risca. Por maiores que sejam as críticas que venham despertando seu feérico comportamento diplomático, no fundo ele demonstra caráter e compromisso com uma parcela esquecida da sociedade americana.
K.M.
K.M.
Comunicado do presidente da empresa.
Informamos em nosso relatório financeiro do ano passado, que para nós, do Mc Donalds, o ano de 2016 foi um ano de ''ajustes propositais'' com foco no que temos chamado de ''elementos-chave do plano de virada '' da empresa , fortalecendo o negócio para impulsionarmos o crescimento sustentável a longo prazo . Estamos extremamente confiantes de que gozamos de um bom posicionamento para realizar a transição para um foco de longo prazo em 2017. Nossos esforços de refranchising e disciplina financeira nos permitirão direcionar nossos recursos de capital para novas oportunidades estratégicas e cumprir nossa meta de longo prazo. Advertimos de que estamos atentos à comparação que enfrenta de janeiro à março deste ano com os resultados do primeiro trimestre de 2016. No ano passado, é bom lembrar, nossa empresa se beneficiou do ano bissexto, do clima favorável e do impulso das vendas no café da manhã.
Atenciosamente,
K.M.
Atenciosamente,
K.M.
Como anda esse México ??
Numa visão realista, talvez as estratégias do governo do México não sejam as mais adequadas há anos, assim como o modelo econômico escolhido. Fizeram uma aposta muito grande nas exportações para os Estados Unidos como forma de aquecer a economia e o mercado interno ficou de lado. Muitas concessões que fizeram em prol do NAFTA geraram prejuízo para a economia mexicana, de modo que não é sem interesse que o Presidente Peña Nieto poderia se reunir com o Presidente Trump . Há arestas a serem aparadas que podem beneficiar os dois lados, independente da imposição de tarifas sobre importações para ''pagar o muro'' (risos), de resto algo totalmente ilegal pelas regras da Organização Mundial do Comércio e que depende de aprovação do Congresso dos Estados Unidos, ainda que venha sendo discutido como se fosse uma alternativa ''automática e unilateral''. Republicanos votaram em peso a favor do NAFTA e sabe Deus quantos deles concordam com tudo quanto está sendo atirado à mesa em torno da questão. Além do mais, mercados emergentes precisam se reunir mais para buscar a defesa de seus interesses comuns, sobretudo agora que o cenário promete mudar completamente. A coordenação de estratégias para novos fins , em relação às quais os países desenvolvidos tem visões muito particulares , será essencial para sobreviver à nova onda de protecionismo americano; e ainda que a maior parte deles não tenha experiência em fazê-lo , uma vez que se contentam em terem alguns pontos de vista particulares atendidos quando divergem entre si , a coordenação em grupos cada vez mais amplos de relações bilaterais é o aspecto fundamental das novas estratégias de resistência.
K.M.
Eu sei exatamente o que o mercado precificará para o futuro.
Sendo o Presidente americano um grande empresário, é mais do que natural que haja uma relação estreita entre empresários e governo. É natural, mas não muito bom . Muito da retórica eleitoral , de antagonizar com grupos empresariais e seus interesses, pode ser colocada em xeque aqui. A prometida rigidez contra todo tipo de pressões do mercado, limpeza dos balanços e modernização de diversos setores para buscar a constante renovação do capitalismo americano, afasta a possibilidade de qualquer deslize na direção do compadrio. Governo pode ser pró-mercado sem ser pró-empresários. Num sistema pró-mercado a competição se dá com base apenas nas respectivas capacidades . Com o mercado trabalhando próximo do pleno emprego, e a inflação seguindo para a casa dos 2,0 % , os salários aumentarão , e a retórica passará da ''deflação'' para a 'reflação'' . Os estímulos fiscais virão com a economia já em aquecimento , representando provavelmente uma injeção de 1% do PIB. Eu sei exatamente o que o mercado precificará para o futuro. Segunda-feira eu digo.
K.M.
K.M.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2017
A OPINIÃO MAIS SÓBRIA
É certamente muito bem vinda e necessária a revisão de algumas das regulamentações criadas no pós-2008. No passado inclusive faltavam regulamentações, mas foram criadas mais regulamentações desnecessárias do que necessárias após a crise. A opinião mais sóbria no momento é a de que a economia americana se beneficie com os cortes de impostos , os gastos em infra-estrutura e a desregulamentação, embora, na verdade, ninguém saiba dizer ao certo como nem quando tudo isso será implementado. Os gastos em infra-estrutura provavelmente se prolongarão por anos, e é impossível dizer exatamente quanto do estímulo fiscal será implementado. Qualquer espécie de estímulo fiscal tem que levar em conta que que os salários cresceram 2,9% na comparação com o ano anterior. E se os salários cresceram 2,9% e a produtividade está em cerca de 1 % , a inflação subjacente é de cerca de 1,9%, a taxa que o Fed quer . Se isso não for um ponto de curva, significa que os Estados Unidos estão perto do pleno emprego . A consequência de estímulos adicionais num país que está perto do pleno emprego é mais inflação.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2017
Facebook num caso extremo .
Governo americano tem razões de sobra para se preocupar com os danos que um dólar excessivamente forte pode causar à economia , já que o foco está em reerguer a produção industrial e transformar a balança numa batalha comercial . Como o próprio presidente disse, o ''dólar alto demais pode nos matar'' , e o mercado de câmbio , que movimenta cinco trilhões de dólares por dia, será mais difícil de submeter pela intimidação via Twitter do que os líderes corporativos e opositores políticos.
Num caso extremo, talvez seja necessário usar também o Facebook...
K.M.
Num caso extremo, talvez seja necessário usar também o Facebook...
K.M.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2017
LA NUBE DEL NO SABER...
LA NUBE DEL NO SABER...
(...)Por lo que respecta a chismosos, aduladores, escrupulosos, alcahuetes, entrometidos e hipercríticos, les ruego que aparten sus ojos de este libro lo más rápidamente posible...Esto vale también para los curiosos, sean o no personas cultas. Pueden ser buenas personas según los principios de la vida activa, pero este libro no se adapta a sus necesidades (...)
...desde el principio del amor de Dios por ti fue tan grande que su corazón no pudo quedar ni tan siquiera satisfecho con esto. ¿Qué hizo? ¿No ves con qué gentileza y suavidad te ha traído a la tercera vía, la vida SINGULAR? Sí, ahora vives en el centro más profundo y solitario de tu ser aprendiendo a dirigir tu ardiente deseo hacia la forma más alta y definitiva de amor que he llamado PERFECTA (...)
Te pido...que sigas tu curso sin desmayo. Espera el mañana y deja el ayer. No te importe lo que hayas conseguido...si quieres crecer has de alimentar en tu corazón el ansia viva de Dios...Dios es un amante celoso. Está actuando en tu espíritu y no tolerará sucedáneos. Tú eres el único a quien necesita. (...)
Insiste, pues...Nuestro Señor está siempre dispuesto, El sólo espera tu cooperación. (...)
Eleva tu corazón al Señor, con un suave movimiento de amor, deseándole por sí mismo y no por sus dones. Centra tu atención y deseo en Él y deja que sea ésta la única preocupación de tu mente y tu corazón. Haz todo lo que esté en tu mano para olvidar todo lo demás, procurando que tus pensamientos y deseos se vean libres de todo afecto a las criaturas del Señor o a sus asuntos tanto en general como en particular (...) es la obra contemplativa del espíritu. Es la que más agrada a Dios (...) Los hombres, tus semejantes, se enriquecen de modo maravilloso por esta actividad tuya, aunque no sepas bien cómo ( Cfr: Sri Ramana Maharshi y Maese Aljebrige)
(...)
Persevera, pues, hasta que sientas gozo en ella. Es natural que al comienzo no sientas más que una especie de oscuridad sobre tu mente o, si se quiere una NUBE del NO-SABER( :...)Pero, si te esfuerzas en fijas tu amor en Él olvidando todo lo demás - y en eso consiste la obra de contemplación...-. tendrás la confianza de que Dios en su bondad te dará una experiencia profunda de sí...(...)
Esta actividad NO LLEVA TIEMPO ( Cfr: MEISTER ECKHART, JIDU KRISHNAMURTI, etc.)...En realidad es la más breve ( Cfr: MEISTER ECKHART) que puedas imaginas; tan breve como un átomo (...) Y esto es totalmente exacto, pues tu principal facultad espiritual , la voluntad, sólo necesita esta breve fracción de un momento para dirigirse hacia el objeto de su deseo (...)
...la diferencia entre la obra contemplativa y sus falsificaciones tales como los ensueños, las fantasías o los razonamientos sutiles. Estos se originan en un espíritu presuntuoso, curioso o romántico, mientras que el puro impulso de amor nace de un corazón sincero y humilde. El orgullo, la curiosidad y las fantasías o ensueños han de ser controlados con firmeza si es que la obra contemplativa se ha de alumbrar auténticamente en la intimidad del corazón. (...)
Por amor a Dios , pon todo tu empeño en esta obra y no fuerces nunca tu mente ni imaginación , ya que por este camino no llegarás a ninguna parte. Deja estas facultades en paz.(...)
Cuando hablo de oscuridad, entiendo la falta o ausencia de conocimiento(Cfr:LAO TZÉ, NICOLÁS DE CUSA, SRI RANJIT) Si eres incapaz de entender algo o si lo has olvidado , ¿no estás acaso en la oscuridad con respecto a esta cosa?
No lapuedes ver con los ojos de tu mente. Pues bien, en el mismo sentido, yo no he dicho "NUBE" sino "NUBE del NO SABER". Pues es una oscuridad del no-saber que estña entre tú y tu Dios.
El Nessy.
(...)Por lo que respecta a chismosos, aduladores, escrupulosos, alcahuetes, entrometidos e hipercríticos, les ruego que aparten sus ojos de este libro lo más rápidamente posible...Esto vale también para los curiosos, sean o no personas cultas. Pueden ser buenas personas según los principios de la vida activa, pero este libro no se adapta a sus necesidades (...)
...desde el principio del amor de Dios por ti fue tan grande que su corazón no pudo quedar ni tan siquiera satisfecho con esto. ¿Qué hizo? ¿No ves con qué gentileza y suavidad te ha traído a la tercera vía, la vida SINGULAR? Sí, ahora vives en el centro más profundo y solitario de tu ser aprendiendo a dirigir tu ardiente deseo hacia la forma más alta y definitiva de amor que he llamado PERFECTA (...)
Te pido...que sigas tu curso sin desmayo. Espera el mañana y deja el ayer. No te importe lo que hayas conseguido...si quieres crecer has de alimentar en tu corazón el ansia viva de Dios...Dios es un amante celoso. Está actuando en tu espíritu y no tolerará sucedáneos. Tú eres el único a quien necesita. (...)
Insiste, pues...Nuestro Señor está siempre dispuesto, El sólo espera tu cooperación. (...)
Eleva tu corazón al Señor, con un suave movimiento de amor, deseándole por sí mismo y no por sus dones. Centra tu atención y deseo en Él y deja que sea ésta la única preocupación de tu mente y tu corazón. Haz todo lo que esté en tu mano para olvidar todo lo demás, procurando que tus pensamientos y deseos se vean libres de todo afecto a las criaturas del Señor o a sus asuntos tanto en general como en particular (...) es la obra contemplativa del espíritu. Es la que más agrada a Dios (...) Los hombres, tus semejantes, se enriquecen de modo maravilloso por esta actividad tuya, aunque no sepas bien cómo ( Cfr: Sri Ramana Maharshi y Maese Aljebrige)
(...)
Persevera, pues, hasta que sientas gozo en ella. Es natural que al comienzo no sientas más que una especie de oscuridad sobre tu mente o, si se quiere una NUBE del NO-SABER( :...)Pero, si te esfuerzas en fijas tu amor en Él olvidando todo lo demás - y en eso consiste la obra de contemplación...-. tendrás la confianza de que Dios en su bondad te dará una experiencia profunda de sí...(...)
Esta actividad NO LLEVA TIEMPO ( Cfr: MEISTER ECKHART, JIDU KRISHNAMURTI, etc.)...En realidad es la más breve ( Cfr: MEISTER ECKHART) que puedas imaginas; tan breve como un átomo (...) Y esto es totalmente exacto, pues tu principal facultad espiritual , la voluntad, sólo necesita esta breve fracción de un momento para dirigirse hacia el objeto de su deseo (...)
...la diferencia entre la obra contemplativa y sus falsificaciones tales como los ensueños, las fantasías o los razonamientos sutiles. Estos se originan en un espíritu presuntuoso, curioso o romántico, mientras que el puro impulso de amor nace de un corazón sincero y humilde. El orgullo, la curiosidad y las fantasías o ensueños han de ser controlados con firmeza si es que la obra contemplativa se ha de alumbrar auténticamente en la intimidad del corazón. (...)
Por amor a Dios , pon todo tu empeño en esta obra y no fuerces nunca tu mente ni imaginación , ya que por este camino no llegarás a ninguna parte. Deja estas facultades en paz.(...)
Cuando hablo de oscuridad, entiendo la falta o ausencia de conocimiento(Cfr:LAO TZÉ, NICOLÁS DE CUSA, SRI RANJIT) Si eres incapaz de entender algo o si lo has olvidado , ¿no estás acaso en la oscuridad con respecto a esta cosa?
No lapuedes ver con los ojos de tu mente. Pues bien, en el mismo sentido, yo no he dicho "NUBE" sino "NUBE del NO SABER". Pues es una oscuridad del no-saber que estña entre tú y tu Dios.
El Nessy.
Um grande perigo nos próximos anos .
O que ajudou o Fed a quase cumprir suas metas de emprego e inflação sem criar maiores instabilidades no mercado foram as taxas de juros em níveis baixos, ainda que sob o risco constante de sofrer uma alavancagem excessiva e tornar os preços dos ativos insustentáveis. Além do mais, regulações mais duras foram responsáveis por tornar Wall Street mais sólida nos últimos sete anos. Empréstimos corporativos e outros pontos fracos representarão grande perigo nos próximos anos. Áreas onde começam a aparecer sinais óbvios de excesso não estão sendo devidamente isoladas e dificilmente o serão daqui para a frente..
Política fiscal e investimento privado.
Existem estudos especializados que sugerem uma relação inversa entre política fiscal e investimento privado. Ou seja: sugerindo que quando um governo aumenta seus gastos para estimular tanto o ciclo financeiro quanto o de negócios, ele acaba afastando o investimento privado , o que provoca uma redução do mercado de crédito . Tais estudos concluem então que o gasto público pode vir a reduzir o investimento privado, respondendo à combinações de políticas monetária, fiscal e macroprudenciais que afetam e determinam os ciclos financeiros e de negócios. Períodos pós-crise ou de baixo crescimento global não são seguros para se usar a política fiscal como forma de conter a contração do crédito. A melhor combinação realmente parece ser a de políticas que gerem a menor volatilidade possível do PIB, inflação , taxa básica de juros e estoque total do crédito. Os ganhos de implementação de uma política fiscal expansionista, em tais períodos , respondem aos ciclos financeiro e de negócios de forma pouco expressiva se a política macroprudencial não puder reagir ao ciclo financeiro . Resposta fiscal anti-cíclica no ciclo de negócios e levemente pró-cíclica no ciclo de crédito, mas com a natureza anticíclica da ''resposta'' predominando. Antes de qualquer medida, porém , é necessário certificar-se a respeito da fonte de choque que se quer combater para se calibrar corretamente a direção e a intensidade das respostas. As políticas macroprudenciais afetam não só a estabilidade financeira, mas também muitas outras variáveis. Medidas macroprudenciais expansionistas durante um ciclo de aperto financeiro, por exemplo , acabam influenciando negativamente as expectativas para a inflação.
K.M.
Retórica protecionista exagerada
Rendimentos dos Treasuries podem voltar a cair com promessa de
tributação na fronteira para empresas que deixarem os Estados Unidos.
Desconfiança despontou nos mercados globais com retórica protecionista
exagerada. Bolsas podem recuar mais e dólar seguir enfraquecendo pouco
apouco, juros dos Treasuries caíram diante de demanda por ativos de
segurança, Yields de T-Notes de dez anos em queda
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
A grande estratégia de Xi Jinping
Guan Yu
https://nemrisp.wordpress.com/2016/10/14/a-grande-estrategia-chinesa-e-suas-implicacoes-para-a-geopolitica-asiatica-no-seculo-xxi-parte-2/
No âmbito da política externa, uma das principais iniciativas do governo chinês foi a “The Belt and Road”, considerada por Jinping uma peça fundamental para a sua política externa e para a nova estratégia econômica doméstica, que foi originalmente concebida como uma rede de projetos de infraestrutura para interligar diversas regiões da Ásia Central. Porém o plano lançado pela Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento indica uma ampliação do escopo inicial do projeto de forma a incluir aspetos como: coordenação de políticas no continente asiático, integração financeira, liberalização do comércio, fluxo livre de fatores econômicos, interligação de mercados e maior conexão entre os povos da região.
Freqüentemente mencionada como “The Belt and Road”, a nova iniciativa do governo chinês abrange duas principais frentes:
Nova Rota da Seda (“cinturão” ou “belt”), uma rede de rotas terrestres, sobretudo rodovias e ferrovias, destinadas a interligar a China à Europa através do centro-oeste do continente asiático.
Rota da Seda para o Século XXI (“rota” ou “road”) , o equivalente marítimo das obras de infraestrutura que ligam a Ásia à África.
De um ponto de vista estratégico, existem fatores de ordem geopolítica e econômica que impulsionam a China a desenvolver e implementar a mega iniciativa anteriormente mencionada, sendo que entre eles destacam-se os relacionados ao crescimento econômico doméstico, tais como: a transição de uma economia pungente para um “novo normal” baseado em um crescimento relativamente baixo (como foi o ano de 2014, em que o PIB chegou a 7,4%, valor abaixo das expectativas do Partido Comunista para o país); estimular um crescimento equitativo através da interligação econômica de áreas mais pobres do país àquelas já desenvolvidas do sul, ação esta que conduziria a uma maior competitividade dos produtos chineses; e utilizar-se das obras de infraestrutura para atribuir maior dinamismo ao setor de construção civil que havia desacelerado juntamente com o mercado interno.
Quanto aos fatores geopolíticos, os novos investimentos chineses em infraestrutura terão implicações em interesses nacionais, como na estratégia de hedging ou proteção para garantir ao país asiático as novas rotas de abastecimento, sobretudo energético e de recursos minerais em geral, e a distribuição, no sentido de garantir a manutenção do comércio, caso haja um conflito na região.
No âmbito da política externa, na iniciativa do “The Belt and Road” encontram-se as novas políticas de Xi Jinping e seu Partido, tais como a prioridade em melhorar a relação com os países vizinhos, de forma a aprofundar a cooperação regional, e a utilização da economia de forma “mais estratégica” como elemento importante da diplomacia chinesa.
Desde sua proposta, apresentada pelo Presidente Xi Jinping em 2013 durante visitas ao Cazaquistão e à Indonésia, a iniciativa alcançou resultados mistos: embora acordos para iniciar os projetos de infraestrutura tenham sido celebrados com países, como o Cazaquistão, Uzbequistão, Quirquistão e Sri Lanka, a preocupação dos países do entorno, como a Índia e potências que agem na região, sobretudo os Estados Unidos, estão relacionadas aos interesses chineses (geopolíticos, sobretudo, como a redução da influência norte-americana na região asiática, o acesso a recursos naturais e o aumento de seu papel no cenário internacional) implícitos em tal iniciativa.
A receptividade dos países asiáticos com relação ao projeto chinês foi marcada por desconfiança – que é o caso da Índia, sendo que ambos os países buscam ampliar a sua influência na região e competem por áreas de atuação em países como Mianmar, onde a Índia iniciou um projeto de interligação em Arakan que permitirá aos indianos utilizar a região que dá acesso à Baia de Bengala para atividades de comércio e ou transporte – e adesão pragmática, como são os casos do Sri Lanka e Indonésia, que necessitavam de financiamentos para estabelecer novos portos e infraestrutura relacionada à área de transportes e viram no projeto chinês a oportunidade de conseguir o investimento necessário para realizar as obras que desejavam.
Em 2014 o governo chinês firmou acordos com Cazaquistão, Uzbequistão, Quirquistão e Sri Lanka. O investimento de 1,4 bilhões de dólares neste último país, considerado o maior investimento estrangeiro registrado, destinou-se à construção de um porto na cidade de Colombo (integrando assim parte da Rota da Seda para o Século XXI) e o aprofundamento dos laços entre a China e o país do leste asiático passou a ser observado com preocupação pela Índia, que teria a sua influência reduzida no país vizinho, e pelo Japão, que ultimamente renovaram seu interesse pelo país.
No entanto, a iniciativa chinesa também passou a sofrer alguns empecilhos, com a crescente rejeição popular no Mianmar (antiga Birmânia), relacionada ao conflito entre os objetivos chineses, nomeadamente o acesso a novas fontes de recursos naturais e à Baia de Bengala, e a contestação de parcelas da população birmanesa que se demonstram contrárias ao investimento chinês na área da infraestrutura, sobretudo por conta dos laços deste país com os ex-governantes militares – explicitados através da celebração de acordos para a construção de hidroelétricas no país – e aos impactos sociais (principalmente o deslocamento de pessoas) e ambientais relacionados a obras de infraestrutura que ligariam os dois países asiáticos. Desta forma, o projeto de construção de uma ferrovia, que seguiria o caminho de um gasoduto existente até a capital da província chinesa de Yunan e que havia sido orçada em 20 bilhões de dólares, como parte do projeto marítimo da iniciativa “The Belt and Road”, foi cancelado.
Cabe ressaltar que além da rejeição apresentada por Mianmar, os projetos chineses também podem sofrer com os interesses e “visões” dos governos indiano e norte-americano para o continente asiático. De uma perspectiva indiana, desde o ano de 2014, o Primeiro Ministro indiano, Sr. Modi, tem voltado sua política externa para um maior engajamento com os países ao seu redor, como o Afeganistão, Bangladesh, Paquistão, Sri Lanka e Mianmar, e forjou relações mais estreitas com os Estados Unidos, tendo inclusive desenvolvido em conjunto uma Visão Estratégica para as regiões da Ásia-Pacífico e Oceano Índico, como o declarado intuito de apoiar projetos de investimentos conjuntos que tenham a capacidade de conferir crescimento econômico e estabilidade para as regiões como um todo.
Além da iniciativa conjunta com a Índia, a política dos Estados Unidos também compreende outra interpretação para a “Nova Rota da Seda”, sendo esta observada como uma forma de integrar o Afeganistão na região através de rotas de comércio e da reconstrução de infraestruturas inviabilizadas por anos de conflito. Assim, a proposta de um gasoduto que atravessaria o Afeganistão, Turcomenistão e Paquistão passou a ser a alternativa para trazer divisas aos países e permitir ao Turcomenistão (país dotado da segunda maior reserva de gás natural do mundo) ampliar seu comércio com a Índia e o Paquistão através do fornecimento de energia.
Embora a mega iniciativa chinesa “The Belt and Road” tenha até o presente momento alcançado resultados diversos e existam impedimentos a serem ultrapassados, como uma certa resistência dos países vizinhos com relação às motivações chinesas, e os interesses indianos e norte-americanos, sobretudo tendo em vista as possíveis alterações no equilíbrio de poder regional, a implementação devidamente feita dos projetos de infraestrurura (planejada pelo governo chinês visando o 13º Plano Quinquenal, em vigor de 2015 até 2020) pode auxiliar no crescimento econômico, desenvolvimento e integração regional.
A resposta para uma das questões centrais da geopolítica do inicio deste século, ou seja, se a ascensão da China é irrefreável, e conseqüentemente irá conduzi-la ao posto de superpotência do século, ainda permanece em aberto. A questão é que a China, impulsionada pelo seu capital humano, avanços tecnológicos e um capitalismo estatal que ao longo das últimas décadas vem mostrando-se eficiente, parece possuir as condições econômicas e militares necessárias para tornar-se a superpotência deste século, condições estas que são amplamente discutidas, principalmente ao observarmos os desafios que tal país enfrenta (como a desigualdade de desenvolvimento entre regiões, sustentar o rápido desenvolvimento econômico) e poderá enfrentar – tais como o descontentamento político e a escassez de recursos naturais – questão que o país tenta “resolver” investindo externamente em países africanos para garantir a aquisição de recursos como o cobre, que é destinado para instalar as redes elétricas das cidades chinesas, e internamente, através de projetos de infraestrutura, visa à integração física e econômica de regiões que estiveram à margem do rápido processo de desenvolvimento econômico e comercial observado nas últimas décadas. De acordo com as discussões apresentadas para que ainda é cedo para afirmar de forma categórica se a atuação chinesa no sistema internacional é revisionista, ou seja, busca uma alteração substantiva na distribuição de poder no sistema internacional, ou “conciliadora/de acomodação” com a ainda questionável potência hegemônica, os Estados Unidos.
No entanto, de acordo com os aspectos que foram discutidos no primeiro artigo e ao longo deste, observa-se que um elemento que coloca a política externa de Xi Jinping em uma possição diferenciada daquela de seus antecessores é o uso que ele e aqueles que compõem a máquina estatal chinesa fazem de diferentes instrumentos , como a aspectos de tecnologia militar e o desenvolvimento de uma robusta diplomacia de comércio, para desenolver uma política externa voltada à concretização de objetivos geopolíticos muito bem desenhados. Entre os referidos objetivos figura, por exemplo, a manutenção da ordem interna, o desenvolvimento de um crescimento econômico sustentável. Para além do potencial de conflito relacionado ao empoderamneto chinês na Ásia e os interesses norte-americanos na região, é possivel apenas apontar que os dirigentes chineses desenvolveram uma estratégia que possui ações como atuação junto aos países vizinhos, com foco na resolução de questões fronteiriças e a proteção da costa marítima – sendo emblemática a disputa pelas Ilhas de Senkaku/Diaoyu, uma região dotada de fontes energéticas (gás natural e petróleo) e estratégica para o embarque de mercadorias e pesca, reivindicadas pela China e Japão – , além dos laços fortes que a China estabeleceu com diversos países – como a celebração de parcerias estratégicas na região, com países como Rússia, Índia, Tailândia, Cazaquistão, França, Brasil e Irã – o país asiático buscou participar de forma ativa em organizações internacionais e blocos econômicos presentes no sistema internacional – como a Organização para Cooperação de Xangai (OCX) e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) –, fato que acrescido da forte interdependência econômica dificultaria uma contenção ou isolamento da potência chinesa e asseguraria sua posição de relevância no cenário econômico.
Referências Bibliográficas
BBIDDLE, Stephen; OELRICH, Ivan. Future warfare in western pacific: Chinese antiaccess/area denial, U.S. air sea battle, and command of the commons in East Asia. International Security, vol.41, n.1, 2016, pp.7-48.
BLACKWILL, Robert D,; CAMPBELL, Kurt M. Xi Jinping on the Global Stage. Council Special Report, n.74, Council of Foreign Affairs, 2016.
BROOKS, Stephen G; WOHLFORTH, Willian C. The rise and fall of the great powers in the twenty-first century. International security, vol40, n3, 2015.
FOOT, Rosemary. Estratégias chinesas em uma ordem global hegemônica: acomodação e hedging. In: HURRELL, Andrew et al. Os BRICS e a Ordem Mundial. Rio de janeiro: Editora FGV, 2009, pp. 125-151.
KEJIN, Zhao; XIN, Gao. Pursuing the Chinese Dream: Institutional Changes of Chinese Diplomacy under President Xi Jinping. China Quarterly of International Strategic Studies, Vol.1, nº 1, pp.35-57.
SINGH, Swaran. Is China driving PM Modi’s “good neighborly” foreign policy?. Asia Pacific Bulletin, June 2015.
XINHUA NEWS. Full Text: Action Plan on The Belt and Road Initiative. Disponível em: <http://news.xinhuanet.com/english/china/2015-03/28/c_134105858_2.htm>. Acesso em: 10 out 2016
Aço chinês barato: se você não pode lidar com isso, chame de dumping
Shan Xiongxin
13/06/2016 | Hindustan Times
http://www.abinox.org.br/site/agenda-inox-noticias-detalhes.php?cod=5634&q=A%C3%A7o+chin%C3%AAs+barato%3A+se+voc%C3%AA+n%C3%A3o+pode+lidar+com+isso%2C+chame+de+dumping
Resumo em português:
A Tata Steel, que possui usina siderúrgica em Scunthorpe, no nordeste da Inglaterra, começou a venda formal de seu braço britânico deficitário em 11 de abril de 2016. O negócio da Tata Steel na Inglaterra está à venda uma vez que não consegue competir com a concorrência chinesa barata. A China exportou 112 milhões de toneladas de aço em 2015. Isto é 25% mais do que a produção total da Índia. A maioria dos países em que a China exporta seu aço diz há prática de dumping. A Tata Steel disse que seus negócios na Europa foram afetados devido às importações chinesas baratas, que estão inundando o continente.
Tata Steel’s UK business is up for sale as it could not compete with cheap Chinese competition.
HT decodes dumping and how it’s not just about China.
What is dumping?
Dumping is the process exporting goods at a price lower than what a company can fetch in its domestic market. For example, a baker sells a loaf of bread for Rs 100 but because there are no buyers in India, the loaf of bread is exported to another country for Rs 90. This is will be called dumping by that country.
Why would someone sell the product cheaper?
The retail price includes the profit margin of the seller. The loaf in the previous example may have been produced for Rs 80 with the profit margin being Rs 20 a loaf. The baker cuts down on his profits when he exports the loaf for Rs 90.
If the seller is ready to reduce the price, won’t the products sell in the domestic market itself?
Exporters dump products when they cannot sell products in their domestic markets even after slashing costs. This happens when domestic demand is very low.
China, which is flooding the world with its cheap steel, is doing so because there no domestic buyers.
Why can’t China reduce prices so that domestic buyers increase?
The prices are already down. One of the reasons is that China accounts for half of the world’s steel capacity of 1,600 million tonnes (MT) per year and a slowdown in has meant that even low-priced is not being bought domestically.
The situation is such that the Chinese government recently announced that it will slash 1.8 million jobs in the coal and steel sector in order to reduce capacity, which is expected to come down to 700 million tonnes this year.
So China is exporting excess capacity across the globe?
Yes. China exported 112 MT of steel in 2015. This is 25% more than India’s total production of steel. Most of the countries to which China exports its steel say that the country is dumping the product leading to adversely impacting their domestic industry.
Tata Steel, which has begun the process of selling its UK operations, said one its business in Europe were affected due to cheap Chinese imports flooding the continent.
But what is wrong with China dumping cheap steel?
From the point of view of free trade, nothing as China should have the liberty to sell its products at whatever price it wants. But the problem arises when domestic industry of importing countries is not able to compete with cheap imports.
The commerce ministry has noted in its anti-dumping guide that “there is nothing inherently illegal or immoral about the practice of dumping. However, where dumping causes material injury to the domestic industry of India” it may require imposition of anti-dumping duties.
How is material injury determined?
Material injury is said to occur if the domestic industry suffers reduction of production (called volume effect) or depression in price (called price effect) due to a rise in imports.
Some indicators that can be used to establish material injury are: decline in output; loss of sales or marketshare; decline in profits or productivity and reduced return on investments.
Importantly, a causal link must be established between dumping and injury.
Is our steel industry materially injured?
India produced 92 MT of steel in 2014-15, while it imported over 9.32 MT of steel. But all of these imports cannot be termed dumped. However, almost 30% of the imports come from China and are priced relatively cheap.
Indian manufacturers such as JSW, SAIL and Essar have written to the commerce ministry claimed that these imports were undercutting margins and anti-dumping duties should be imposed on them.
Since, anti-dumping is determined by a country under request from its industry, some experts these duties have been compared to “protectionism of industry” as consumers cannot benefit from lower prices.
What has the government done to curb dumping?
A Reuters report on Monday said that investigations have been initiated into dumping of steel by six countries including China, South Korea and Japan.
The government has already imposed minimum import prices on 172 iron and steel commodities in the range of $340-750 per tonne. Also, a safeguard duties ranging between 10-20% are in place in addition to anti-dumping duties in the range of 4.5-57% on different steel products.
What is the international practice on dumping?
Imposition of duties is allowed by the World Trade Organisation under the General Agreement on Trade and Tariffs (GATT) if dumping is established.
However, anti-dumping duties need to be lifted if the margin between the domestic price and imported price (called dumping margin) is less than 2% or when the imports of product from a country account for less than 3% of total imports of the product.
According to WTO, safeguard and anti-dumping duties cannot be country-specific. Therefore, when we impose duties on imports from China, it can also impose duties on imports from India in order to compensate for the loss. Countries can contest these duties at the WTO.
Is China the only country that is dumping goods in India?
No. India has initiated 690 cases of anti-dumping investigation against China, European Union, South Korea, Thailand and USA and 16 other countries. China accounts for the highest number of imposed duties at 134 out of a total of 535.
Also, apart from steel products such as tiles, tyres, jute bags, plastic processing machine etc also carry anti-dumping duties.
Interestingly, India itself is under investigation for anti-dumping duties on stainless steel bars, paper products and tyres in the United States.
Check out the full article on the site Hindustan Times.
Preocupação com o aço inox e o GNO chineses
Destaque para alguma preocupação com o aço inox e o GNO chineses --- elétrico tipo grão não orientado. Essa situação pode se agravar com o reconhecimento da China como ''economia de mercado '', pois até agora era possível usar a referência de um país com produtos homólogos para comparar o dumping praticado pelo aço chinês. A Aperam vem recorrendo sistematicamente de ações anti-dumping de países das Américas. O aço elétrico tipo GO , voltado para o setor elétrico, deverá seguir buscando ferozmente novos mercados para o excedente da produção. Não só buscando, mas ''desenvolvendo '' novos mercados, como vem acontecendo nas indústrias de mineração, açúcar, álcool e transporte de concreto (betoneiras fabricadas em aço inox para evitar corrosão) . Os mercados de inox vão de utensílios até bens de capital (máquinas e equipamentos) , construção civil e setor automotivo .
K.M.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
domingo, 22 de janeiro de 2017
ISSO é polidez.
E quem tenta usar a mente pelos sentidos
ajusta parafusos com um martelo
( maalesh )
Adolfo furioso pela percepção.
Mas há uma cegueira que vem de dentro ----
tentam explicar-lhe fora da nulidade.
''Peça ao cavalheiro para voltar JÁ
diga-lhe que o chamarei ''
ISSO é polidez.
Disso Yo-Yo :
''Qual parte zua éh ô poEMA ?? ''
da vizinhança, pelos pares
E para erguer associações
no tempo dos reis lunares
mitrado pela sagração da luz
''Lavou seus pés ?
pisa terra estranha '' .
Luigi em veredas da colina
masca o trigo na madrugada,
esse grão, sua comunhão.
E se as estrelas são apenas unicórnios
luz por lasso.
K.M.
ajusta parafusos com um martelo
( maalesh )
Adolfo furioso pela percepção.
Mas há uma cegueira que vem de dentro ----
tentam explicar-lhe fora da nulidade.
''Peça ao cavalheiro para voltar JÁ
diga-lhe que o chamarei ''
ISSO é polidez.
Disso Yo-Yo :
''Qual parte zua éh ô poEMA ?? ''
da vizinhança, pelos pares
E para erguer associações
no tempo dos reis lunares
mitrado pela sagração da luz
''Lavou seus pés ?
pisa terra estranha '' .
Luigi em veredas da colina
masca o trigo na madrugada,
esse grão, sua comunhão.
E se as estrelas são apenas unicórnios
luz por lasso.
K.M.
sábado, 21 de janeiro de 2017
Vórtice negentrópico automonitorador espontâneo . 63
----- Você está tão bonito , K (ela disse) Gordo e perfeito como sempre sonhei (.) O prazer que me causam seu rosto fresco e seu coração amassado por um milhão de batalhas vitoriosas explicam-se , talvez , pelas qualidades espirituais do que me parece, para o meu futuro , representar a força da felicidade . Cada vez mais necessária à medida que se expande, pois a verdade dos meus estados de alma (AISSOUSIN, como vc diz) muda de tal maneira quando me encontro na sua presença , que custa muito sofrimento aos outros reconhecerem você como parte dela (.) ------ , ela disse. Aquele prestígio que ela me conferia, e à mais ninguém , o trabalho de remodelação existencial que suas palavras operavam em mim , enfim , aquela luz forte que vinha dela, tinham já a qualidade vaga e luminosa, a contida interioridade de uma mulher que sentia-se amada. Abaixei um pouco as pálpebras e disse : ----- Meu corpo , cheio de tranquilas planuras e intratáveis durezas , já é (obscuramente) TODO SEU . Talvez até uma posse difícil de avaliar no momento , em função da seiva publicitária que corre nas minhas veias, fazendo meu modo de falar e raciocinar luzir sobre o mundo como se fosse arrojar-se do universo (.) Mas agora estou tão profundamente em você, amo-a de maneira tão terrível que tenho receio de voltar atrás. Creio que o AMOR nos é dado na vida como um presente que possibilita vôos maiores, e que insistir nele é tentar o DESTINO . E penso que minha sorte jamais poderá ser esgotada, caso eu seja capaz de fazê-la feliz (.) ----, eu disse. Eu ainda não tinha reparado que ela vinha dando para imitar meu jeito de falar diante do espelho (o poder de emitir , ASSOMBROSO) . E eu não precisava dizer se a tinha visto, quando chegava no Comitê ; se tinha estado com ela durante a noite, isso logo se via em mim no primeiro instante. Todos no escritório se entreolhavam e riam maliciosamente. Hoje é assim : metade do mundo dos negócios se alimenta da vida amorosa alheia com uma espécie de semi-sexo saído dos miasmas da comunicação em massa. ''Mas o AMOR '' (eu pensava então ) ''é bem mais que essa propagação de redemoinhos que , após uma emoção, comove a alma ou o corpo. Alguns daqueles redemoinhos dela, porém , remexiam minha alma e meu corpo inteiros, no aperto líquido e leve no qual escorriam , uma furtiva estreiteza abrindo-se para a vastidão interior onde minha semente se perdia ''. Ela parecia flutuar na cama num nível de felicidade constantemente alterado pela minha chegada ou saída de dentro de sua carne, impondo-me sucessivos desafios instantâneos à cada movimento das pernas. Quem mihi febricula eripuit . Meus pensamentos tornavam-se cúmplices do seu corpo ; e desse modo é que o AMOR exorcizava nossas alucinações negativas. Nosso gosto por aquele tipo de prazer só nosso tornara-se crônico e agora só esperava uma oportunidade para saciar-se a cada novo encontro. Nós nos entreolhávamos e ríamos, aquele mesmo riso judicial e meio louco. ----- É verdade (?) É VERDADE MESMO (??) -----, ela dizia, irônica, procurando passar a estranha e divertida impressão de uma criatura que não percebe as coisas por si mesma, e que constantemente apela para o testemunho alheio : ----- É VERDADE (ela ria) Agora sinto-me na posse de todas as respostas. Sem contar no número dos prazeres os momentos que passamos mais do que juntos (UNIDOS) , unicamente preocupados com o emprego mais intenso de nossa felicidade. Sou seu único amor. Não virão outros nunca mais. Eles apenas conseguiriam me repetir mediocremente, como ecos vagos que não chegam aos ouvidos. Digo: sombras, sono (.) -----, ela disse. Sua respiração crepitava, e acelerava o ritmo da minha .
K.M.
K.M.
Diffusées en continu. Attendez ! , doucement ...
voile ----
navigue
fleuve...
écrire ses répercussions.
dis si je ne suis pas joyeux !
a propager de l´aile un frisson cheffulgurante.
K.M.
navigue
fleuve...
écrire ses répercussions.
dis si je ne suis pas joyeux !
a propager de l´aile un frisson cheffulgurante.
K.M.
Prólogo ao capítulo 63.
Bem , não privemos este pequeno intervalo idílico de certa importância.
Cada peça aqui dada à estampa não é apenas uma pausa, mas também uma confrontação lúdica.
Digo: um encontro cujo resultado é desconhecido. Mas nenhum desses encontros é decisivo, e alguns podem chegar a ser tão triviais quanto os respectivos resultados; entretanto, alguns são muito penetrantes, e outros excessivamente curiosos. E os encontros que são penetrantes e curiosos nos enchem de gosto para enfrentar todas as pragas do mundo.
Eu nunca encontrei um agente do FBI pessoalmente, pelo menos , não tenho idéia de ter encontrado algum na época em que comecei a escrever meu livro . Ou eles nunca se apresentaram a mim como tal. Também desconheço qualquer contato com membros da ex-KGB. Mas note este detalhe ! (: quando escrevi sobre agentes do FBI e espiões russos e chineses em ''Os homens nascem livres para serem condenados'', a maior dificuldade com meu livro estava no meu senso comum , que me dizia ser impossível ter todos aqueles agentes e heróis nacionalistas impossíveis amontoados numa casa de cômodos de Brooklyn Heights .
K.M.
Cada peça aqui dada à estampa não é apenas uma pausa, mas também uma confrontação lúdica.
Digo: um encontro cujo resultado é desconhecido. Mas nenhum desses encontros é decisivo, e alguns podem chegar a ser tão triviais quanto os respectivos resultados; entretanto, alguns são muito penetrantes, e outros excessivamente curiosos. E os encontros que são penetrantes e curiosos nos enchem de gosto para enfrentar todas as pragas do mundo.
Eu nunca encontrei um agente do FBI pessoalmente, pelo menos , não tenho idéia de ter encontrado algum na época em que comecei a escrever meu livro . Ou eles nunca se apresentaram a mim como tal. Também desconheço qualquer contato com membros da ex-KGB. Mas note este detalhe ! (: quando escrevi sobre agentes do FBI e espiões russos e chineses em ''Os homens nascem livres para serem condenados'', a maior dificuldade com meu livro estava no meu senso comum , que me dizia ser impossível ter todos aqueles agentes e heróis nacionalistas impossíveis amontoados numa casa de cômodos de Brooklyn Heights .
K.M.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2017
Você fez de mim um homem mais famoso.
A compreensão histórica é entendida pelo materialismo histórico como pós-vida do objeto de compreensão, cujo pulsar se faz sentir até o presente. Ainda que não seja o caso aqui, tal compreensão tem seu lugar , mesmo que entre parênteses, pois não está acima de qualquer crítica. Nela coexistem uma idéia antiga, dogmática e talvez ingênua da RECEPÇÃO com uma forma nova e crítica. A primeira pode resumir-se na afirmação de que a RECEPÇÃO determinante de uma OBRA deve ser para nós aquela que ela teve entre seus contemporâneos, sobretudo se estes foram pessoas ilustres e poderosas. Não é outra a perfeita analogia de Ranke, em ''Geschichte der romanischen und germanischen'' : '' Tal como foi realmente '', que seria, afinal ''a única coisa '' que importa ''. De fato : o que é próprio da ORIGEM DIVINA nunca se dá a ver somente no plano mundano e factual, com as vestes grosseiras do mundo caído. Seu ritmo superior só se revela a um ponto de vista duplo, o da pré - e da pós-história dos fatos. Feliz do homem que alcança tal ponto de vista . Mas ao lado deste encontramos também, sem mediação alguma, o ponto de vista dialético e de horizonte ainda mais amplo, que reconhece uma ''HISTÓRIA DA RECEPÇÃO''. A fortuna crítica e relacional das OBRAS passa a ser considerada por inteligências capazes de um maior refinamento. Até porque não fazê-lo, como, infelizmente, é comum no nível das massas , aprofunda os aspectos mais negativos de toda a história da arte universal, aprisionando os homens no nível intelectual da turba. No entanto, parece-me que a descoberta das verdadeiras causas do maior ou menor êxito de um ARTISTA , para a duração desse êxito ou também para o seu contrário , este é um dos mais relevantes problemas que se colocam à vida e sobrevida da arte em nossos dias. Já Mehring via as coisas assim, e seu livro ''Lessing: A Lenda '' transforma em ponto de partida de suas análises a RECEPÇÃO de Lessing por Heine e Gervinus, por Stahrs e Danzel , e finalmente também por Erich Schmidt.. E não será por acaso que pouco depois surgiu o meritório trabalho de Julian Hirsch : ''A Gênese da Fama '' (extremamente meritório , mais pelo conteúdo do que pelo método ). A questão central é a mesma que atiramos à mesa, e sua solução fornece o critério de referência para tal . De fato: o materialismo histórico está ainda muito presente nas democracias ocidentais, ainda que despido de seus trapos marxistas. Mas este fato não justifica a omissão de outro, mais importante ainda: o de que tal solução nunca foi encontrada. Pelo contrário: não há qualquer dúvida de que apenas em casos muito isolados se conseguiu apreender todo o conteúdo histórico de uma OBRA de tal modo que ela se tornasse para nós transparente enquanto ARTE, ou mesmo para que transcendesse tal condição para uma ainda mais elevada. Por isso, todo esforço de aproximação de uma OBRA será mais ou menos vão se seu conteúdo histórico sóbrio não se tornar objeto de um conhecimento dialético. E essa é apenas a primeira das verdades pelas quais minha WORK IN PROGRESS se orienta. Meu rolo de papel infinito é a resposta de um homem prático às aporias da especulação teórica.
K.M.
K.M.
''O NAFTA é o pior acordo comercial da história da humanidade ''.
''O NAFTA é o pior acordo comercial da história da humanidade ''. (D. Trump)
Mas talvez um estudo aprofundado do impacto do NAFTA nas exportações, combinado com a consulta à líderes empresariais e sindicais e economistas renomados , jogue uma luz maior sobre as cadeias de produção transfronteiriças e o conteúdo de valor das mercadorias ''mexicanas'' que são exportadas para os Estados Unidos, com frequência por empresas americanas. O NAFTA certamente não é a oitava maravilha do mundo, e a negociação da maior parte de suas disposições será benéfica para todas as partes envolvidas. Mas desmantelar um acordo dessas dimensões não é uma operação livre de riscos imediatos, de modo que desmantela-lo de forma progressiva , no final talvez se revele uma forma de ganhar crédito com a ''operação'', sem interromper o fluxo de seus (poucos) benefícios atuais.
K.M.
Mas talvez um estudo aprofundado do impacto do NAFTA nas exportações, combinado com a consulta à líderes empresariais e sindicais e economistas renomados , jogue uma luz maior sobre as cadeias de produção transfronteiriças e o conteúdo de valor das mercadorias ''mexicanas'' que são exportadas para os Estados Unidos, com frequência por empresas americanas. O NAFTA certamente não é a oitava maravilha do mundo, e a negociação da maior parte de suas disposições será benéfica para todas as partes envolvidas. Mas desmantelar um acordo dessas dimensões não é uma operação livre de riscos imediatos, de modo que desmantela-lo de forma progressiva , no final talvez se revele uma forma de ganhar crédito com a ''operação'', sem interromper o fluxo de seus (poucos) benefícios atuais.
K.M.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2017
A ARTILHARIA CONTRA BERNIE SANDERS
http://diplomatique.org.br/a-artilharia-contra-bernie-sanders/
Por que a mídia norte-americana, que desejava derrotar Donald Trump, torpedeou, durante as primárias, Bernie Sanders, candidato democrata que poderia ter derrotado o bilionário nas eleições?
Nunca a imprensa norte-americana tomou partido tão abertamente numa eleição. Mês a mês, ela se dedicou a desacreditar todos os candidatos que lhe desagradavam, a começar pelo senador “socialista” de Vermont, Bernie Sanders, concorrente de Hillary Clinton nas primárias democratas. Entretanto, as pontuações por ele obtidas nas primárias nos Estados-chave, aqueles em que Hillary Clinton foi derrotada na eleição presidencial, nos permitem pensar que ele teria alcançado um melhor resultado contra Donald Trump.
Graças a seus fóruns, editoriais e posts em blogs, o Washington Post serve de bússola e metrônomo para a campanha de difamação conduzida contra o candidato progressista – que propunha um seguro-saúde popular e público, um forte aumento do salário mínimo, a gratuidade das universidades etc. Com seus apelos incessantes à cortesia e sua predisposição quase genética para o consenso, esse diário é bem mais que um “jornal de referência”: ele faz as vezes de gazeta de empresas para a elite meritocrática, a qual transformou a capital federal em arena privativa para suas práticas.
Os colunistas e editorialistas do Washington Post são “profissionais” no pleno sentido da palavra. Cultos, sempre conectados, com frequência exibindo diplomas, eles ganham a vida confortavelmente. Quando cruzam com altos funcionários, professores universitários, médicos, financistas de Wall Street ou empreendedores do Vale do Silício – todos também muito bem pagos –, veem neles seus pares. Ou ex-colegas de estudos: cinco dos oito membros atuais da direção editorial do Washington Post passaram por uma das universidades da prestigiosa Ivy League.
“Bilionários fizeram mais que ele pelas causas progressistas”
A partir dos anos 1970, o Partido Democrata tornou-se pouco a pouco o instrumento político dessa classe dominante, a tal ponto que os colarinhos-brancos diplomados formam hoje o bloco eleitoral que os democratas representam mais fielmente. Advogada realizada, dona de um reluzente currículo, Hillary Clinton evolui nesse ecossistema como um peixe na água. Quanto a Sanders, por mais que se apresente como um progressista que se inspira no modelo escandinavo,1 ele encarna, aos olhos dos caciques do partido, apenas um atavismo, uma regressão a uma época em que demagogos de jaqueta amarrotada cediam aos caprichos vulgares da opinião pública dirigindo-se contra os bancos, os capitalistas, os patrões.
A leitura dos cerca de duzentos editoriais, fóruns e posts de blogs que o Washington Post consagrou a Sanders entre janeiro e maio de 2016 mostra de imediato uma desigualdade elementar de tratamento. Entre os fóruns e editoriais, os textos negativos foram cinco vezes mais numerosos que os positivos, enquanto, para Hillary Clinton, o saldo foi equilibrado.
A saraivada de tiros contra o senador de Vermont começou nas semanas anteriores ao início das primárias, em Iowa, quando em Washington veio à luz a ideia de que ele poderia ganhar. Em 20 de janeiro, um editorial intitulado “Seja honesto conosco, Sanders” abriu o show denunciando sua “falta de realismo”: o candidato democrata não teria nenhum projeto válido para “reduzir o déficit” e diminuir as despesas com previdência – os critérios do Post para avaliar quanto um político é sério.
Charles Lane voltou no dia seguinte com um artigo ridicularizando a ideia, defendida por Sanders, de que existiria uma “classe de bilionários” unida para defender a ordem social. “Os bilionários fizeram mais pelas causas progressistas do que Bernie Sanders”, chegou a afirmar. Dana Milbank, colunista oriundo da Universidade de Yale, entrou em cena em 27 de fevereiro, alguns dias antes do voto em Iowa. “Indicar Sanders seria loucura”, insistiu, pois “os socialistas jamais vencem as eleições nacionais”. Depois, o conselho editorial do jornal consagrou um artigo à “campanha mentirosa” de Sanders, descrito como um virtuose da fraude: “Sanders não é um homem corajoso que diz a verdade. É um político que vende seu próprio catálogo de mentiras a uma parte do país que deseja freneticamente comprá-la”.
Semana após semana, uma salva habitual de acusações se fez ouvir em Washington, com a lista dos erros atribuídos ao candidato socialista crescendo e se diversificando o tempo todo. Após a vitória dele em New Hampshire, em 9 de fevereiro, o Washington Post o qualificou, tal como fez com Donald Trump, de “líder intolerável”, que proporia nada mais que soluções “simplistas”. Ele se viu igualmente acusado de utilizar a plutocracia (o governo dos ricos) como um “bode expiatório cômodo” para mascarar sua falta de projeto. E suas projeções contra o livre-comércio repousariam sobre “cifras falsas que vão de encontro ao amplo consenso entre economistas”.
Depois, chega-se à suspeita de que as questões raciais lhe seriam indiferentes. Segundo Jonathan Capehart, membro do conselho editorial do Washington Post, Sanders não sabe “falar de questões raciais sem reduzir tudo a classe e pobreza”. Mesmo seu engajamento na juventude em favor dos direitos civis foi colocado em dúvida por uma investigação do detetive Capehart. Examinando a fotografia de uma manifestação de 1962, o exímio cão de caça afirmou em 11 de fevereiro que Sanders não aparecia ali. Por mais que o autor da imagem contradiga essa alegação, o Washington Post se recusa a pedir desculpas: “É um caso em que a memória e a certeza histórica se enfrentam”, justifica-se.
Colunista astucioso, Dana Milbank sempre variou seus ângulos de ataque. Em março, assegurou que os democratas estavam muito “satisfeitos” com a situação do país para seguir um rebelde como Sanders. Em abril, ele se prendeu a propostas sobre o livre-comércio, a pretexto de que elas pareceriam com aquelas de Trump e castigariam os países pobres. Em maio, apresentou o senador de Vermont como alguém que estava fazendo o jogo dos republicanos: “Sanders faz campanha contra Clinton, que a partir de hoje já ganhou a indicação. É uma excelente notícia para Donald Trump”.
Durante esses cinco meses, os blogs do jornal certamente acolheram textos de simpatizantes de Sanders. Mas os leitores da edição impressa tiveram de esperar o dia 26 de maio para ler, pela pena do economista Jeffrey Sachs, o primeiro artigo retumbante em defesa das propostas do senador – apenas onze dias antes de o Washington Post declarar (de maneira prematura) a vitória de Hillary Clinton nas primárias democratas…
Os jornalistas pareceram então se comportar como soldados em tempo de guerra, obrigados a pesar cada palavra para ter certeza de que ela não iria servir à parte contrária. Essa maneira de ver, que alguns qualificam de política, é na verdade profundamente antipolítica: ela exclui certas ideias do debate com a desculpa de que não seriam “pragmáticas”.
O Washington Post detalhou essa linha em dois editoriais publicados em fevereiro. Assinado pelo conselho editorial, o primeiro, “Os ataques de Sanders contra a realidade”, censurava o senador por criticar implicitamente Barack Obama quando afirmava que seria possível fazer melhor no que se referia à luta contra as desigualdades sociais ou pela cobertura social. “O sistema – e por isso entendemos a estrutura constitucional de equilíbrio dos poderes – implica que os legisladores se contentem com mudanças graduais”, explicou o conselho. “Obama orquestrou várias reformas ambiciosas, incompletas, é verdade, mas que melhoraram a vida das pessoas, enquanto os ideólogos dos dois campos zombavam do assunto.”
Publicado alguns dias depois, o segundo editorial, “A batalha dos extremos”, comparou Sanders e o republicano evangélico Ted Cruz. Um e outro estariam intoxicados pela crença segundo a qual “a estrada para o progresso passa pela pureza, não pelo compromisso”: “O progresso virá de líderes que têm princípios, mas que estão prontos a construir compromissos, que aceitam a mudança gradual, que admitem não ter o monopólio da sabedoria. Essa mensagem é difícil de vender durante as primárias, mas ela sozinha pode produzir um candidato capaz de se impor em novembro e de governar com sucesso durante os próximos quatro anos”, retalhou o diário.
Ora, se fôssemos aplicar a lógica do Washington Post a todos, teríamos de reprovar inclusive os eleitos totalmente “pragmáticos”. Que dizer, por exemplo, de um candidato que quisesse – como Hillary Clinton em 2016 – instaurar um controle das armas de fogo? Todo mundo sabe que uma medida como essa não teria chance alguma de ser adotada pelo Congresso; e, se o fosse, restaria sempre a Suprema Corte e a segunda emenda para lhe barrar o caminho.
Além disso, o argumento da mudança gradual, da reforma em pequenos passos, permite evitar pensar os problemas. Sanders lançou-se na corrida pelas primárias com ideias que confrontavam o Washington Post e a maior parte dos jornais de seu tipo. Em vez de combatê-las, os comentaristas autorizados as excluíram do campo das possíveis. A legitimidade é sua propriedade; eles a distribuem segundo seu desejo.
“Os editorialistas olham para cima, sempre para cima”
Para ter apoio, vale mais se apegar ao consenso, à adoração do “pragmatismo”, ao amor pelo bipartidarismo, ao desprezo pelos “populistas”. Esses ingredientes compõem a ideologia da classe dominante, esses trabalhadores racionais da Costa Leste, frutos ainda frescos de Princeton ou de Harvard, que veem como autoridades seus pares atuando em setores conexos, quer sejam economistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), analistas no Crédit Suisse ou especialistas em política da Brookings Institution. Acima de tudo, trata-se de um modo de pensamento próprio de um meio protegido da insegurança econômica, a partir do qual se observam as pessoas comuns com óculos de aristocrata.
No entanto, como grupo social, os jornalistas não estão ao abrigo dos sobressaltos econômicos. Os jornais impressos se assemelham a peças de museu, pelo menos tanto quanto as políticas do New Deal defendidas por Sanders. Os críticos literários transformaram-se em espécimes tão raros que poderiam muito bem desaparecer, a menos que alguém decida colocá-los numa estufa e alimentá-los. Em certas revistas, os colunistas precisam ter outro emprego para conseguir fazer frente às despesas. Em suma, nenhum grupo conhece mais intimamente a história do declínio da classe média que os jornalistas. Por que as pessoas que ocupam o topo dessa profissão moribunda se identificam então com os pretensiosos, os satisfeitos, os poderosos?
A resposta é simples: os comentaristas respeitados não dividem nada com os colegas em via de decair socialmente. Eles se convencem a nunca conhecer a sorte do Tampa Tribune, por exemplo, que fechou as portas em 2016. Em Washington, os editorialistas olham para cima, sempre para cima. O programa de Sanders escapava, portanto, a seu campo de visão.
Durante todas as primárias democratas, os jornais norte-americanos “de referência” insistiram em que o senador de Vermont não tinha a menor chance de ganhar a eleição presidencial, sobretudo diante de Trump. No New York Times, Paul Krugman chegou a ameaçar os eleitores que estivessem tentados pelo candidato socialista: “A história não os perdoará”, lançou em 6 de fevereiro. No entanto, na época, as pesquisas indicavam exatamente o inverso: Sanders venceria Trump, enquanto Hillary Clinton estava ombro a ombro com o bilionário fanfarrão.
Havia uma razão evidente para isso: a força de Trump vinha das classes populares brancas, que apreciavam ainda mais as propostas de Sanders. Ao contrário, Hillary Clinton era impopular, oprimida pelos escândalos, incapaz de se fazer ouvir pelos trabalhadores. Todos os meios de comunicação norte-americanos se perfilaram, no entanto, ao lado dela, com uma unanimidade e um entusiasmo inéditos – por aversão a Trump e porque Hillary compartilhava sua ideologia da “expertise” e da “competência”. Os comentaristas se empenharam então em convencer os leitores a seguir por esse caminho. Na primeira página de sua edição de 7 de agosto, o New York Times explicava que, dessa vez, os jornalistas deviam “se desvencilhar do manual que o jornalismo usava até [até o momento]” e tomar partido – pró-Hillary Clinton.
A cruzada dos meios de comunicação pela candidata democrata não terminou como previsto. Se na guerra contra Sanders ela se mostrou eficaz junto aos eleitores das primárias, mais politizados e consumidores de jornais, o grande público reagiu diferentemente aos ataques contra Trump. Porque os americanos têm pelo menos um traço em comum: eles desprezam a arrogância e têm aversão em se conformar com os decretos de autoridades. O militantismo profissional apaixonado dos jornalistas deu origem a um contragolpe titânico, com o qual o planeta vai ter de conviver durante os próximos quatro anos.
1 Ler Bhaskar Sunkara, “Un socialiste à l’assaut de la Maison Blanche” [Um socialista no assalto à Casa Branca], Le Monde Diplomatique, jan. 2016.
Por que a mídia norte-americana, que desejava derrotar Donald Trump, torpedeou, durante as primárias, Bernie Sanders, candidato democrata que poderia ter derrotado o bilionário nas eleições?
Nunca a imprensa norte-americana tomou partido tão abertamente numa eleição. Mês a mês, ela se dedicou a desacreditar todos os candidatos que lhe desagradavam, a começar pelo senador “socialista” de Vermont, Bernie Sanders, concorrente de Hillary Clinton nas primárias democratas. Entretanto, as pontuações por ele obtidas nas primárias nos Estados-chave, aqueles em que Hillary Clinton foi derrotada na eleição presidencial, nos permitem pensar que ele teria alcançado um melhor resultado contra Donald Trump.
Graças a seus fóruns, editoriais e posts em blogs, o Washington Post serve de bússola e metrônomo para a campanha de difamação conduzida contra o candidato progressista – que propunha um seguro-saúde popular e público, um forte aumento do salário mínimo, a gratuidade das universidades etc. Com seus apelos incessantes à cortesia e sua predisposição quase genética para o consenso, esse diário é bem mais que um “jornal de referência”: ele faz as vezes de gazeta de empresas para a elite meritocrática, a qual transformou a capital federal em arena privativa para suas práticas.
Os colunistas e editorialistas do Washington Post são “profissionais” no pleno sentido da palavra. Cultos, sempre conectados, com frequência exibindo diplomas, eles ganham a vida confortavelmente. Quando cruzam com altos funcionários, professores universitários, médicos, financistas de Wall Street ou empreendedores do Vale do Silício – todos também muito bem pagos –, veem neles seus pares. Ou ex-colegas de estudos: cinco dos oito membros atuais da direção editorial do Washington Post passaram por uma das universidades da prestigiosa Ivy League.
“Bilionários fizeram mais que ele pelas causas progressistas”
A partir dos anos 1970, o Partido Democrata tornou-se pouco a pouco o instrumento político dessa classe dominante, a tal ponto que os colarinhos-brancos diplomados formam hoje o bloco eleitoral que os democratas representam mais fielmente. Advogada realizada, dona de um reluzente currículo, Hillary Clinton evolui nesse ecossistema como um peixe na água. Quanto a Sanders, por mais que se apresente como um progressista que se inspira no modelo escandinavo,1 ele encarna, aos olhos dos caciques do partido, apenas um atavismo, uma regressão a uma época em que demagogos de jaqueta amarrotada cediam aos caprichos vulgares da opinião pública dirigindo-se contra os bancos, os capitalistas, os patrões.
A leitura dos cerca de duzentos editoriais, fóruns e posts de blogs que o Washington Post consagrou a Sanders entre janeiro e maio de 2016 mostra de imediato uma desigualdade elementar de tratamento. Entre os fóruns e editoriais, os textos negativos foram cinco vezes mais numerosos que os positivos, enquanto, para Hillary Clinton, o saldo foi equilibrado.
A saraivada de tiros contra o senador de Vermont começou nas semanas anteriores ao início das primárias, em Iowa, quando em Washington veio à luz a ideia de que ele poderia ganhar. Em 20 de janeiro, um editorial intitulado “Seja honesto conosco, Sanders” abriu o show denunciando sua “falta de realismo”: o candidato democrata não teria nenhum projeto válido para “reduzir o déficit” e diminuir as despesas com previdência – os critérios do Post para avaliar quanto um político é sério.
Charles Lane voltou no dia seguinte com um artigo ridicularizando a ideia, defendida por Sanders, de que existiria uma “classe de bilionários” unida para defender a ordem social. “Os bilionários fizeram mais pelas causas progressistas do que Bernie Sanders”, chegou a afirmar. Dana Milbank, colunista oriundo da Universidade de Yale, entrou em cena em 27 de fevereiro, alguns dias antes do voto em Iowa. “Indicar Sanders seria loucura”, insistiu, pois “os socialistas jamais vencem as eleições nacionais”. Depois, o conselho editorial do jornal consagrou um artigo à “campanha mentirosa” de Sanders, descrito como um virtuose da fraude: “Sanders não é um homem corajoso que diz a verdade. É um político que vende seu próprio catálogo de mentiras a uma parte do país que deseja freneticamente comprá-la”.
Semana após semana, uma salva habitual de acusações se fez ouvir em Washington, com a lista dos erros atribuídos ao candidato socialista crescendo e se diversificando o tempo todo. Após a vitória dele em New Hampshire, em 9 de fevereiro, o Washington Post o qualificou, tal como fez com Donald Trump, de “líder intolerável”, que proporia nada mais que soluções “simplistas”. Ele se viu igualmente acusado de utilizar a plutocracia (o governo dos ricos) como um “bode expiatório cômodo” para mascarar sua falta de projeto. E suas projeções contra o livre-comércio repousariam sobre “cifras falsas que vão de encontro ao amplo consenso entre economistas”.
Depois, chega-se à suspeita de que as questões raciais lhe seriam indiferentes. Segundo Jonathan Capehart, membro do conselho editorial do Washington Post, Sanders não sabe “falar de questões raciais sem reduzir tudo a classe e pobreza”. Mesmo seu engajamento na juventude em favor dos direitos civis foi colocado em dúvida por uma investigação do detetive Capehart. Examinando a fotografia de uma manifestação de 1962, o exímio cão de caça afirmou em 11 de fevereiro que Sanders não aparecia ali. Por mais que o autor da imagem contradiga essa alegação, o Washington Post se recusa a pedir desculpas: “É um caso em que a memória e a certeza histórica se enfrentam”, justifica-se.
Colunista astucioso, Dana Milbank sempre variou seus ângulos de ataque. Em março, assegurou que os democratas estavam muito “satisfeitos” com a situação do país para seguir um rebelde como Sanders. Em abril, ele se prendeu a propostas sobre o livre-comércio, a pretexto de que elas pareceriam com aquelas de Trump e castigariam os países pobres. Em maio, apresentou o senador de Vermont como alguém que estava fazendo o jogo dos republicanos: “Sanders faz campanha contra Clinton, que a partir de hoje já ganhou a indicação. É uma excelente notícia para Donald Trump”.
Durante esses cinco meses, os blogs do jornal certamente acolheram textos de simpatizantes de Sanders. Mas os leitores da edição impressa tiveram de esperar o dia 26 de maio para ler, pela pena do economista Jeffrey Sachs, o primeiro artigo retumbante em defesa das propostas do senador – apenas onze dias antes de o Washington Post declarar (de maneira prematura) a vitória de Hillary Clinton nas primárias democratas…
Os jornalistas pareceram então se comportar como soldados em tempo de guerra, obrigados a pesar cada palavra para ter certeza de que ela não iria servir à parte contrária. Essa maneira de ver, que alguns qualificam de política, é na verdade profundamente antipolítica: ela exclui certas ideias do debate com a desculpa de que não seriam “pragmáticas”.
O Washington Post detalhou essa linha em dois editoriais publicados em fevereiro. Assinado pelo conselho editorial, o primeiro, “Os ataques de Sanders contra a realidade”, censurava o senador por criticar implicitamente Barack Obama quando afirmava que seria possível fazer melhor no que se referia à luta contra as desigualdades sociais ou pela cobertura social. “O sistema – e por isso entendemos a estrutura constitucional de equilíbrio dos poderes – implica que os legisladores se contentem com mudanças graduais”, explicou o conselho. “Obama orquestrou várias reformas ambiciosas, incompletas, é verdade, mas que melhoraram a vida das pessoas, enquanto os ideólogos dos dois campos zombavam do assunto.”
Publicado alguns dias depois, o segundo editorial, “A batalha dos extremos”, comparou Sanders e o republicano evangélico Ted Cruz. Um e outro estariam intoxicados pela crença segundo a qual “a estrada para o progresso passa pela pureza, não pelo compromisso”: “O progresso virá de líderes que têm princípios, mas que estão prontos a construir compromissos, que aceitam a mudança gradual, que admitem não ter o monopólio da sabedoria. Essa mensagem é difícil de vender durante as primárias, mas ela sozinha pode produzir um candidato capaz de se impor em novembro e de governar com sucesso durante os próximos quatro anos”, retalhou o diário.
Ora, se fôssemos aplicar a lógica do Washington Post a todos, teríamos de reprovar inclusive os eleitos totalmente “pragmáticos”. Que dizer, por exemplo, de um candidato que quisesse – como Hillary Clinton em 2016 – instaurar um controle das armas de fogo? Todo mundo sabe que uma medida como essa não teria chance alguma de ser adotada pelo Congresso; e, se o fosse, restaria sempre a Suprema Corte e a segunda emenda para lhe barrar o caminho.
Além disso, o argumento da mudança gradual, da reforma em pequenos passos, permite evitar pensar os problemas. Sanders lançou-se na corrida pelas primárias com ideias que confrontavam o Washington Post e a maior parte dos jornais de seu tipo. Em vez de combatê-las, os comentaristas autorizados as excluíram do campo das possíveis. A legitimidade é sua propriedade; eles a distribuem segundo seu desejo.
“Os editorialistas olham para cima, sempre para cima”
Para ter apoio, vale mais se apegar ao consenso, à adoração do “pragmatismo”, ao amor pelo bipartidarismo, ao desprezo pelos “populistas”. Esses ingredientes compõem a ideologia da classe dominante, esses trabalhadores racionais da Costa Leste, frutos ainda frescos de Princeton ou de Harvard, que veem como autoridades seus pares atuando em setores conexos, quer sejam economistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT), analistas no Crédit Suisse ou especialistas em política da Brookings Institution. Acima de tudo, trata-se de um modo de pensamento próprio de um meio protegido da insegurança econômica, a partir do qual se observam as pessoas comuns com óculos de aristocrata.
No entanto, como grupo social, os jornalistas não estão ao abrigo dos sobressaltos econômicos. Os jornais impressos se assemelham a peças de museu, pelo menos tanto quanto as políticas do New Deal defendidas por Sanders. Os críticos literários transformaram-se em espécimes tão raros que poderiam muito bem desaparecer, a menos que alguém decida colocá-los numa estufa e alimentá-los. Em certas revistas, os colunistas precisam ter outro emprego para conseguir fazer frente às despesas. Em suma, nenhum grupo conhece mais intimamente a história do declínio da classe média que os jornalistas. Por que as pessoas que ocupam o topo dessa profissão moribunda se identificam então com os pretensiosos, os satisfeitos, os poderosos?
A resposta é simples: os comentaristas respeitados não dividem nada com os colegas em via de decair socialmente. Eles se convencem a nunca conhecer a sorte do Tampa Tribune, por exemplo, que fechou as portas em 2016. Em Washington, os editorialistas olham para cima, sempre para cima. O programa de Sanders escapava, portanto, a seu campo de visão.
Durante todas as primárias democratas, os jornais norte-americanos “de referência” insistiram em que o senador de Vermont não tinha a menor chance de ganhar a eleição presidencial, sobretudo diante de Trump. No New York Times, Paul Krugman chegou a ameaçar os eleitores que estivessem tentados pelo candidato socialista: “A história não os perdoará”, lançou em 6 de fevereiro. No entanto, na época, as pesquisas indicavam exatamente o inverso: Sanders venceria Trump, enquanto Hillary Clinton estava ombro a ombro com o bilionário fanfarrão.
Havia uma razão evidente para isso: a força de Trump vinha das classes populares brancas, que apreciavam ainda mais as propostas de Sanders. Ao contrário, Hillary Clinton era impopular, oprimida pelos escândalos, incapaz de se fazer ouvir pelos trabalhadores. Todos os meios de comunicação norte-americanos se perfilaram, no entanto, ao lado dela, com uma unanimidade e um entusiasmo inéditos – por aversão a Trump e porque Hillary compartilhava sua ideologia da “expertise” e da “competência”. Os comentaristas se empenharam então em convencer os leitores a seguir por esse caminho. Na primeira página de sua edição de 7 de agosto, o New York Times explicava que, dessa vez, os jornalistas deviam “se desvencilhar do manual que o jornalismo usava até [até o momento]” e tomar partido – pró-Hillary Clinton.
A cruzada dos meios de comunicação pela candidata democrata não terminou como previsto. Se na guerra contra Sanders ela se mostrou eficaz junto aos eleitores das primárias, mais politizados e consumidores de jornais, o grande público reagiu diferentemente aos ataques contra Trump. Porque os americanos têm pelo menos um traço em comum: eles desprezam a arrogância e têm aversão em se conformar com os decretos de autoridades. O militantismo profissional apaixonado dos jornalistas deu origem a um contragolpe titânico, com o qual o planeta vai ter de conviver durante os próximos quatro anos.
1 Ler Bhaskar Sunkara, “Un socialiste à l’assaut de la Maison Blanche” [Um socialista no assalto à Casa Branca], Le Monde Diplomatique, jan. 2016.
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