Mesmo as crises fiscais de hoje em dia têm menos a ver com a demanda dos trabalhadores do que com os acontecimentos e decisões tomadas a partir de 1973, alterando radicalmente a face do capitalismo e solapando suas bases tributárias, multiplicando dívidas públicas e submetendo as margens de manobras das políticas econômicas e sociais ao veredicto do mercado financeiro. A ruptura da paridade das moedas nacionais com o dólar decretou o fim dos acordos de Bretton woods , jogando a economia européia num processo de ''estagflação '' , forçando-a a um ajuste nos planos macro e micro econômicos , que expandiu o desemprego e a carga fiscal do gasto público. E em 1979 a subida das taxas de juros mundiais iniciada por decisão unilateral da autoridade americana , foi responsável por uma nova e profunda recessão das economias européias . Essas taxas, mesmotendo sido reduzidas um pouco depois, permaneceram altas durante quase uma década, exponenciando as dívidas públicas e submetendo governos e bancos centrais à senhoriagem e chantagem dos credores privados e novos emissores endógenos de moedas . Tal fenômeno se combinou de forma perversa no caso europeu , com a criação do sistema monetário unificado em torno da hegemonia do marco alemão e a adoção das políticas deflacionistas. E finalmente , em 1992, os europeus assinaram o Tratado de Maastricht, estabelecendo condições macroeconômicas tão rígidas para a criação de sua moeda única que tiraram dos governos nacionais qualquer margem de manobra, impondo o ônus de sua implementação quase que integralmente aos trabalhadores. Ficou clara a incompatibilidade da utopia da moeda única com a utopia de uma Europa social . Além do mais, pela porta da desregulamentação , aberta nos anos 1980, avançou em velocidade vertiginosa o fenômeno da globalização financeira, que acabou colocando os Bancos Centrais na condição de reféns dos mercados e agentes privados desterritorializados.
K.M.
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