quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Segundo o modelo que observo em mim mesmo.

Eu não tenho nenhum hobby. Não que eu seja um robô que não sabe fazer consigo mesmo nada além de esforçar-se e fazer aquilo que os objetivos mandam . Mas aquilo com que me ocupo fora do meu trabalho é, para mim , sem exceção , tão sério que me sentiria chocado com a idéia de que se trata de ''hobbies'' , ocupações nas quais me jogaria apenas para ''matar o tempo'', como se um iniciado trabalhasse com a mesma idéia de tempo que a humanidade. Após ser endurecido pela iniciação, compor música, escutar música, ler concentradamente durante horas, meditar ,exercitar-se, passavam a ser momentos integrais da vida de um iniciado; a palavra hobby seria escárnio para as ocupações metafísicas. A produção literária e filosófica havia sido também tão grata , que não poderia considerá-la como oposto do tempo livre . Sem dúvida falo de um ponto de vista privilegiado ,com a cota de casualidade que isso comporta ; como alguém que teve a rara chance de escolher e organizar seus trabalhos essencialmente somente segundo suas próprias intenções. Esse aspecto conta, não em último lugar , para o fato de que aquilo que faço fora do horário de trabalho não se encontre em estrita oposição em relação a este. Caso um dia o tempo livre se transformasse efetivamente naquela situação em que aquilo que antes fora privilegiado  agora se tornasse um benefício importante para todos ---- e algo disso alcançou a sociedade burguesa , em comparação com a feudal ----- , eu imaginaria este tempo livre segundo o modelo que observo em mim mesmo, em circunstâncias diferentes tanto antes quanto depois da iniciação, quando por fim se alcança uma depuração maior .

K.M.

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