Com a reprodutibilidade técnica , a obra de arte se emancipa, pela primeira vez na história ,de sua existência parasitária, destacando-se do ritual do mundo . A obra de arte reproduzida é cada vez mais a reprodução de uma obra de arte criada para ser reproduzida. No momento em que o critério da autenticidade deixa de aplicar-se à produção artística, toda função social da arte se transforma. Ao invés de fundar-se no ritual , ela passa a fundar-se numa outra práxis : a política. Toda uma tentativa de gerar uma demanda fundamentalmente nova , visando à abertura de novos caminhos, acaba, por vezes, ultrapassando seus objetivos . Foi o que ocorreu com o Dadaísmo , na medida em que visavam ampliar o espectro do material usado. Seus poemas eram ''saladas de palavras '' contendo todos os detritos verbais concebíveis. O mesmo se dava com seus quadros , nos quais colocavam decretos presidenciais e informações climáticas, transfigurando a aura de suas criações, que eles estigmatizavam depois como instrumentos da própria reprodução. Impossível, diante de um quadro de Arp ou um poema de Stramm, consagrar algum tempo ao recolhimento ou à avaliação , como diante de um quadro de Derain ou de um poema de Rilke . Ao recolhimento, que se transformou numa escola de comportamento anti-social durante a decadência moral burguesa, opõe-se agora a ''distração''' como uma importante variedade de comportamento social novo . A fórmula básica da percepção de poros oníricos assegurando uma distração intensa, com a obra de arte ao centro, como um polvo, descrevendo o lado táctil da percepção artística , e por fim favorecendo com isso a demanda do cinema , da moda e dos noticiários. Cinema como distração de ordem tátil , puramente baseado na mudança de lugares e ângulos. A moda e o poema.E o intelecto tátil do jornal.
K.M.
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