Lúcio Fontana soube organizar seu universo próprio, do qual estabeleceu os limites limites por meio de perfurações, e , mais tarde, por meio de cortes operados seja nas telas ou na cerâmica. Espaços móveis, criações geométricas não-euclidianas nasceram dessas formas inéditas, atingindo um alto grau de pureza que exorcizava da escultura os resíduos do expressionismo e do pós-cubismo. As fronteiras da pintura e da escultura tornavam-se fluidas.
Acentuando com força a idéia moderna da justaposição e do conteúdo, Fontana atinge a totalidade do seu estilo. O ato do artista que consiste em cortar a tela ou a cerâmica corresponde ao conceito seguinte, tão fértil em consequências: o universo abre sempre e cada vez mais suas portas para o homem, oferecendo um infinito tornado íntimo, cotidiano, ao alcance da mão, do olho e do canivete. E Fontana sabia que aperfeiçoar nossa energia visual é uma das leis máximas do artista: mais do que nunca posta em relevo em nossa época.
A ótica espacial dos quadros e cerâmicas de fontana inserem-se num amplo contexto de um época que procura destruir a superestrutura do mito, descobrindo sua própria visibilidade, sua nova noção de imagem e de signo. A fantasia como uma lúcida exigência técnica, e não um apêndice ornamental.
''C´est bon d´enfourcher un dada, mais ne pas croire que ce soit Pégase''.
Extremo da ascese linear, sem desvios hiperbólicos.
Simplicidade de transmutação de valores.
Dividir o espaço em harmonia com sua coesão interna.
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