Rejet au vers suivant d´un ou de plusieurs mots qui complètent le sens du précedént.
(..)
Tout son col secouera cette blanche agonie
Pour l´espace infligée à l´oisseau que le nie,
Mais non le horreur du sol ù lé plumage est pris.
(.)
Mas o verdadeiro ''enjambement'' é diferente do ''branco'' de Mallarmé. O que ele traz à luz é o andamento originário da poesia, seu hibridismo mais essencial, que atesta uma figura de prosa, é verdade, mas com um gesto que, por sua vez, atesta também uma infinita versatilidade.
O testemunho precoce do ''prosimetron'' (termo grego que designa uma mistura de prosa e poesia) nos Gatha (Zaratustra) do Avesta persa ou na Satura Latina, confirma o caráter não episódico da proposta da Vita Nuova no dealbar da Idade Moderna. Um gesto ambíguo que se orienta ao mesmo tempo em duas direções opostas, para trás (verso) e para frente (prosa). Essa suspensão, sublime hesitação entre sentido e som, é a herança poética que o pensamento deve levar até o fim.
O impensado da origem é o que ainda falta pensar e o que deve ser pensado até o fim. A prática meditativa de Heidegger, expressão desse pensar, define-se como preparação expectante de um pensamento futuro na confiança da serenidade (Gelassenheit). O pensar atento à essa verdade é ''mais alto que toda ação e produção '', pois o que realiza propriamente já está produzido (na acepção de pro-ducere). Realiza a relação do ser com a essência do homem. O despojamento a que ele se submete é, pela mesma ordem de considerações, uma exigência essencial do ser em sua simplicidade. Obviamente, a prática meditante de Heidegger não se recusa à uma aproximação com o ocultismo prático. Mas, antes, dilui os objetos que apreende, e devolve-os, através dessa dissolução, à inapreensível fluidez da existência poética.
Anunciado no início, isso que ''ainda falta pensar '', como destino que nos chama, ''agora'', mas despontando em nossa proveniência, pode advir no futuro, retrovindo da Aurora grega, e reacendendo-se num instante (Augenblick) imprevisível, como um novo começo (Ereigniz), que seria o retorno após o exílio, na manhã da Hespéria, o Ocidente de Holderlin.
K.M.
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