sábado, 6 de maio de 2017

' Non-performing '

Do montante identificado pelo governo japonês, pouco menos de um terço (U$ 126 bilhões) eram de responsabilidade dos grandes bancos ---- city banks , bancos de longo prazo e trust banks . E estes dados não incluem os U$ 100 bilhões de empréstimos realizados a instituições não bancárias, que foram perdoados ou tiveram seus juros reduzidos no  intuito de apoiar a reestruturação destas instituições. Tbm não se consideram nestas estatísticas os U$ 85 bilhões vendidos à Companhia de Aquisição de Crédito Cooperativo (CCPC) . Assim , só os grandes bancos estavam direta ou indiretamente envolvidos com '' non-performing '' no valor global de U$ 300 bilhões. A CCPC era um exemplo interessante dos instrumentos que vinham sendo usados pelos grandes bancos na época, em acordo com o governo japonês, para permitir que estas instituições obtivessem vantagens fiscais e simultaneamente ''limpassem' seus balanços. A exemplo dos instrumentos financeiros utilizados para a reestruturação das empresas industriais afetadas pela crise dos anos 70 e 80, a Companhia tinha sido  construída  , no início de '993 , por 164 instituições financeiras,com o objetivo de adquirir, com desconto , créditos irrecuperáveis de seus associados. Seu capital inicial era de 7,93 bilhões de ienes (U$ 730 milhões). Os fundos para suas operações eram provenientes  de empréstimos desses mesmos bancos. Tratava-se, na prática , de operação meramente contábil  . A Companhia era uma companhia de ''propósito específico '' (special purpose company ) cujo objetivo era permitir que os bancos associados retirassem de seus balanços ativos ''podres '',  em troca de empréstimos à CCPC que, formalmente, eram considerados ''sadios'' pelos auditores do governo  e de ''companhias independentes''. Num processo como este, os bancos registram o valor do desconto com prejuízo, realizando perdas que são passíveis de abatimento junto ao Fisco. Eliminam ademais o pagamento de impostos sobre os juros que teriam que ser lançados, caso os ''créditos podres '' continuem a ser rolados.

K.M.

5 comentários:

  1. Só à guisa de exemplo , entre dezembro de 1994 e março de 1996, o Banco do Japão e o Ministério das Finanças tiveram que organizar seis operações de reestruturação de instituições financeiras cujas atividades se revelaram inviáveis devido aoenorme volume de empréstimos ''non -performing ''em suas carteiras.

    K.M.

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  2. O Banco de Hyogo por exemplo foi liquidado sem perdas para os depositantes. As dificuldades das cooperativas de crédito , responsáveis por créditos no valor de U$ 190 bilhões à época, foi administrada através de fusões.

    K.M.

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  3. Os órgãos de fiscalização do governo passaram a aceitar balanços que sabidamente não refletiam mais a realidade das instituições.

    K.M.

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  4. Simultaneamente, foram criadas oportunidades para ganhos operacionais garantidos, sem que isso agredisse a opinião pública --- por exemplo, a abertura de linhas de refinanciamento junto ao Banco Central para aquisição de títulos públicos, permitindo margens operacionais positivas sem risco. A taxa de desconto do BoJ foi sendo reduzida desde o máximo de 6%, em 1990, até atingir 0,5% em stembro de '995

    K.M.

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  5. O exemplo do fechamento do Banco Daiwa pelas autoridades norte-americanas, por fraude em sua contabilidade, tbm gerou muitos constrangimentos em Tokyo.

    K.M.

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