sexta-feira, 5 de maio de 2017
ZAITECH DURANTA O ENDAKA.
Na medida em que as expectativas de valorização do iene eram sancionadas pelo mercado , o devedor acabava pagando, ao final da dívida, um valor em ienes inferior ao do crédito que havia tomado . Isto significa dizer que algumas empresas (kaisha) chegaram a lucrar apenas com a captação de recursos. Mesmo assim , nem todas as ''kaisha'' foram ganhadoras nesse jogo . Uma indústria química sofreu perdas no mercado de título superiores a seu patrimônio líquido --- esse foi o primeiro grande desastre em setembro de 1987. O ZAITECH cumpria um papel extremamente funcional para as empresas durante o ENDAKA. Diante da queda das exportações e da redução nas margens de lucro, o ZAITECH foi um instrumento importante para que as empresas se mantivessem lucrativas e promovessem os investimentos de que necessitavam para revitalizar suas posições de mercado com novos produtos e novas tecnologias. A despeito de evidências claras , já em 1987, de que o processo especulativo havia perdido sua funcionalidade e que a aceleração dos preços dos ativos domésticos estava se tornando uma ameaça ao próprio sistema econômico japonês, o governo decidiu manter a política expansionista por mais dois anos . Certamente a 'Segunda-Feira Negra'' , de 19 de outubro de 1987, quando se verificou, em todo o mundo , uma queda brusca nas bolsas de valores, foi um fator que levou as autoridades japonesas a serem mais cautelosas. Mas naquele episódio o mercado de Tókyo , após uma queda inicial, continuou sua trajetória ascendente, enquanto nas outras bolsas de valores o BOOM nos preços das ações foi arrefecido . O temor de que uma reversão das expectativas provocasse a saída dos agentes privados do processo de reciclagem dos excedentes em moeda estrangeira, transferindo o encargo para o setor público, tbm deve ter tido um papel importante no cálculo dos ''policy-makers'' japoneses. Não se pode, porém , deixar de lado a pressão exercida por empresas, bancos e políticos, beneficiários de operações ZAITECH, em favor da continuidade da política expansionista. .O processo especulativo, uma vez em andamento , criou condições de sua própria reprodução em escala ampliada. A valorização dos ativos passou a ocasionar um crescimento sem igual no patrimônio dos investidores. Esse capital adicional aumentava-lhes a capacidade de endividamento junto ao setor bancário , já que, no Japão , os empréstimos são geralmente garantidos por por ações ou terras . Muitas empresas então fizeram uso de novo potencial de alavancagem financeira para carrear ainda mais recursos para as bolsas e para o mercado imobiliário , ampliando ainda mais o valor destes ativos, o que realimentava o processo. Em 1988 , as exportações já voltavam a se comportar favoravelmente, o que refletiu a recuperação da competitividade dos segmentos exportadores bem como a retomada do comércio internacional . As famílias aumentaram o ritmo de crescimento de seu consumo de bens duráveis, alterando o comportamento mais restritivo de antes. As empresas, por sua vez, retomaram seus planos de investimento . A produção industrial, depois de estagnar , recuperara o caminho do crescimento ,atingindo a taxa de 10,5% a.a. Os principais indicadores apontavam , assim , para o fato de a economia japonesa já haver ultrapassado , com sucesso, o quadro adverso de valorização do iene. O Japão havia aparentemente dava início a um novo ciclo de crescimento, agora apoiado na demanda interna.
K.M.
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