domingo, 7 de maio de 2017

O NOVO ENDAKA (conclusão)


O NOVO ENDAKA , apesar de passageiro , assustou os japoneses . A manutenção dos mega-superávits comerciais com os Estados Unidos e os saldos crescentes com o Sudeste da Ásia, aliado ao movimento de venda de ativos no exterior, provocaram ,entre 1994 e 1995, um intensa flutuação do iene. Na primeira fase, a moeda japonesa, depois de se manter em uma média pouco superior a 135 unidades por dólar entre1987 e 1993, chegou a atingir um mínimo 85por um em maio de 1995, uma valorização de mais de 35%, Com isto, o valor em ienes dos ativos de empresas japonesas no exterior minguaram . Mesmo assim, os investidores japoneses continuaram se desfazendo de posições no exterior com o objetivo de gerar caixa. De um total de U$77 bilhões aplicados em edifícios de escritórios, hotéis e shopping centers no Estados Unidos, durante a década de 80 , quase U$ 20 bilhões foram vendidos entre 1992 e 1995 , por credores japoneses de empresas japonesas endividadas . Como exemplo basta citar o caso do Rockefeller Center, no centro de NovaYork. A aquisição de 80% do complexo imobiliário pela Mitsubish Estate por U$ 1,4 bilhão, na segunda metade dos anos 80, foi criticada à época como mais um exemplo da derrota do capitalismo americano ao poderio japonês. Em maio de 1995, o conjunto foi revendido  a seus antigos donos por um valor, em ienes, equivalente a um terço do que foi originalmente pago . O prejuizo em dólares foi da ordem de U$ 600 milhões. Diante do NOVO ENDAKA e frente a uma perspectiva de agravamento da crise interna, uma missão japonesa, chefiada por Eisuke Sakakibara, alto funcionário do Ministério das Finanças, foi em julho de 1995 a Washington negociar um acordo. O governo americano, em conjunto com o japonês , realizaria maciças intervenções no mercado de câmbio  com o objetivo de sustentar a paridade em torno de 100 ienes por dólar.   Com isto, os bancos nipônicos ganhariam tempo para usar os recursos fornecidos pelo Banco Central do Japão  para comprar títulos do Tesouro americano, obtendo, sem risco,  uma margem de 6% ao ano nesta operação, superior  à que poderiam obter em Tókyo.  Em contrapartida, os americanos seriam beneficiados de duas maneiras : Evitariam uma venda desenfreada de seus títulos públicos, por instituições japonesas ávidas por liquidez, o que poderia provocar um aumento na taxa de juros nos Estados Unidos,  e, principalmente,  veriam atendidas várias de suas demandas de maior acesso para seus produtos no mercado japonês. Como resultado da ação concertada entre as duas potências, a tendência de valorização do iene foi revertida por uma recuperação sustentada do dólar.  No início do ano de 1997, a paridade vltou à estabilizar-se entre 115 e 120 ienes. O sucesso da operação nipo-americana valeu à Sakikabara uma promoção importante . Ele tornou-se muito famoso na mídia japonesa, que o apelidou de ''MR. YEN ''.

K.M.

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