sexta-feira, 5 de maio de 2017
O ''estouro da bolha ''
O ''estouro da bolha '' gerou vários impactos negativos sobre a economia japonesa que foram sentidos por longo tempo. Um deles, como vimos, foi o de lançar o país, a partir de 1992, na pior recessão de seus últimos 40 anos. Para fazer frente à desaceleração do consumo privado e à retração da forma bruta do capital fixo , as autoridades passaram a utilizar tanto a política fiscal quanto a monetária como estímulo à demanda interna. Entretanto, a economia, a despeito de flutuações ocasionais, lutou muito para conseguir sustentar seu primeiro processo de retomada do crescimento.Para minorar o efeito recessivo da bolha, foram acionados diferentes instrumentos de natureza fiscal . Promoveu-se uma regulação generalizada no imposto sobre a renda, com o objetivo de estimular o consumo das famílias, vítimas de um ''efeito riqueza'' negativo , que as mantiveram distantes do consumo da segunda metade dos anos 80. Foram aprovados orçamentos suplementares voltados para o aumento das despesas com obras públicas. Essas medidas, aliadas ao impacto da recessão sobre a receita pública, tiveram como consequência o aumento do déficit dos governos central e locais, de 0 ,3% do PIB em 1991 para 7,7%em 1995. Como consequência, a dívida pública líquida que vinha se reduzindo desde 1986, voltou a crescer, recuperando os níveis de meados da década anterior. Este crescimento da dívida pública foi, porém, providencial para absorver a demanda crescente por títulos denominados em ienes. Um segundo impacto da recessão, provocada pelo ''estouro da bolha'', foi o aumento do superávit externo japonês , tanto em termos comerciais quanto em conta-corrente. Em decorrência da abrupta valorização de sua moeda em 1985- 1987, o Japão havia conseguido , até 1991 , reduzir penosamente seu saldo comercial com seus principais parceiros comerciais. Com a retração da economia doméstica, os superávits voltaram, no período de 1994-1995, a seus limites históricos máximos,n o que toca aos Estados Unidos, e atingiram níveis sem precedentes, frente aos países do Sudeste da Ásia. Houve, portanto, uma grande reversão no panorama de ajustes externos trilhado pelo Japão na segunda metade dos anos 80.
K.M.
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