quarta-feira, 29 de março de 2017

Considerações.

Os Estados Unidos continuam a ser a nação mais poderosa, ma não podem mais governar o mundo através do poder econômico ou militar . Os poderes do Departamento de Estado , da CIA e do Pentágono de estabelecer e derrubar governos, ou mesmo de interferir decisivamente neles, não é nem de longe o que era . A agonia de dez anos de Vietnan demonstrou que os custos econômicos e políticos para pacificar uma potência militar de terceira classe eram maiores do que qualquer nação podia pagar . É obsoleta a versão do império do século XIX na Era Atômica. Já no final dos anos 1960 , líderes empresariais começaram a perceber que eram proibitivos os custos para manter a supremacia americana mediante a estratégia militar Kennedy-Johnson . Os gastos militares maciços no exterior contribuíram para provocar um grave déficit no balanço de pagamentos e, tbm substancialmente , uma inflação interna. As mercadorias americanas tornaram-se crescentemente não competitivas , com o resultado, em 1971 , do primeiro déficit comercial do país em mais de duas gerações. A nação número 1 tornava-se economicamente mais fraca devido à sua política militar. Simultaneamente, a extraordinária liderança tecnológica que os Estados Unidos desfrutavam  ao fim da Segunda Guerra Mundial desaparecia rapidamente . Perdiam terreno para o Japão, a Alemanha e outros países industrializados na concorrência pelo mercado de consumo. O orçamento militar , que havia ajudado a dar licença tecnológica às firmas americanas, bem como extraordinárias vantagens competitivas na primeira geração posterior à guerra, não mais desempenhava o mesmo papel na segunda geração, porque mudara toda a natureza da concorrência internacional . à medida que o mundo parecia tornar-se cada vez menos sujeito ao controle americano, as empresas acharam prudente anunciar menos o seu americanismo. Janelas quebradas e ameaças de bombas , partidas de grupos militantes opostos à intervenção dos Estados Unidos na Indochina , contribuíram para convencer as companhias americanas na Europa de que deviam ''livrar-se'' de seus ''rótulos nacionais '' . Simultaneamente, alguns executivos tentaram usar sua influência para persuadir o governo a recuar nas políticas externa e militar , porque prejudicavam seus interesses. O Presidente do Conselho do Bank of America, Louis Lundborg, manifestou-se publicamente contra a política militar contraproducente no sudeste da Ásia. Muitos outros, em particular, expressaram seu desagrado com a ''política obsoleta da guerra fria ''. Em março de 1968, os conselhos de líderes empresariais desempenharam um papel decisivo em persuadir Lyndon Johnson a desescalar a guerra. O problema bilateral de ajuda, que fora usado para subsidiar empresas americanas, não era mais politicamente aceitável nos Estados Unidos na sua forma tradicional. Entre 1950 e 1970, cerca de 41 por cento de todas as exportações do país eram financiadas pela  AID (Agência de Desenvolvimento  Internacional ) e suas antecessoras. Os acordos ''vinculados '', que forçavam países pobres a comprar produtos americanos com suas divisas, eram extraordinariamente lucrativos para as empresas. Em 1967, por exemplo, uma comissão de investigação do Senado descobriu que donativos para a saúde pública feitos a certos países latino-americanos estavam sendo usados para comprar medicamentos à Pfizer , Merck e outras indústrias farmacêuticas americanas,  com elevações substanciais  sobre os preços vigentes nos EUA. Observava-se um emprego crescente do Banco de Exportação e Importação para financiar exportações das empresas globais . Através de seu voto em  organizações de ajuda e financiamento internacional , como o Banco Mundial , o governo americano procurava ainda usar dinheiro do público para financiar os negócios globais das empresas, e isso a despeito da crescente resistência do Congresso a qualquer ''cavação '' em ajuda externa e ao ''dinheiro levado para fora ''. 

K.M.

8 comentários:

  1. A exitosa resistência do povo vietnamita marcou o apogeu de um processo iniciado pela Revolução Russa de 1917, mediante o qual o mundo se reposicionou em primeiro ,segundo e terceiro .. Escrevendo para o bicentenário da publicação de A Riqueza Das Nações, e pouco depois de os Estados Unidos decidirem retirar-se do Vietnã , Paolo Sylos-Labini especulou sobre a hipótese de que a visão de Smith estivesse prestes a se realizar. Ele se indagou se realmente chegara o momento em que ''os habitantes de todas as diferentes regiões do mundo teriam atingido a igualdade de coragem e força que, por inspirar um temor mútuo, é a única coisa capaz de intimidar a injustiça dos países independentes, levando-os a ter um pouco de respeito pelos direitos uns dos outros ''. A conjuntura econômica tbm parecia indicar que era iminente uma certa equiparação das relações de força no sistema mundial como um todo. Era grande a demanda pelos recursos naturais do Terceiro e Segundo Mundos. oferecendo apreços módicos o capital ultra-abundante que não conseguia encontrar investimentos lucrativos em seus países de origem.

    K.M.

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  2. Já os países do Terceiro Mundo passaram a disputar com os fragmentos do império soviético pelo acesso aos mercados e recursos do Ocidente capitalista .Este, sob a liderança norte-americana, tomou medidas rápidas para tirar proveito da situação. Acento na palavra ''monopólio'' no convite de Marx para ''abandonarmos por algum tempo a esfera ruidosa da circulação, onde tudo acontece às claras e à vista de todos os homens, para acompanhar os donos do dinheiro e os donos da força de trabalho até o domicílio oculto da produção, em cuja soleira somos confrontados com os dizeres : ''É PROIBIDA A ENTRADA, EXCETO PARA NEGÓCIOS ''

    K.M.

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  3. Finalmente deixar por algum tempo a esfera ruidosa da circulação , onde tudo acontece às claras e à vista de todos os homens. Finalmente desvenderemos o segredo da geração do lucro . Braudel reforçou o convite de Marx monstruosamente.---- ALI TBM (ele disse ) DESVENDAREMOS O SEGREDO DA OBTENÇÃO DOS GRANDES E SISTEMÁTICOS LUCROS QUE PERMITIRAM AO CAPITALISMO PROSPERAR E SE EXPANDIR INDEFINIDAMENTE NOS ÚLTIMOS QUINHENTOS OU SEISCENTOS ANOS, ANTES E DEPOIS DE SUAS INCURSÕES NOS DOMICÍLIOS OCULTOS DA PRODUÇÃO

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  4. Grrr.

    Convidaram-nos a dar uma espiada diferente na coisa, e a coisa devolveu o olhar. Mandaram-nos então olhar no andar intermediário da economia de mercado , para ver como suas ''leis'' tendem a polarizar os domicílios ocultos da produção em locais centrais e periféricos . Novos segredos da geração de lucros foram certamente desvendados. Mas poucos se aventuraram pelo andar superior do ''antimercado '' e do ''archi-mercado '', onde ,nas palavras da hipérbole de BRaudel ''CIRCULAM OS GRANDE PREDADORES E VIGORA A LEI DA SELVA '', e onde e afirma estarem escondidos a maior parte dos segredos da ''longue durée'' do capitalismo históricos.

    K.M.

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  5. Segredos que alteram o modo de funcionamento do sistema.

    K.M.

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  6. Esse poder é algo maior e diferente da ''dominação '' pura e simples, que de resto é sempre muito duvidosa e relativa. Trata-se na realidade de uma poder ''associado'' à dominação, ampliado vertiginosamente pelo exercício da liderança intelectual e paradigmática. Como enfatizou Gramsci : ''a supremacia de um grupo social manifesta-se de duas maneiras, como ''dominação '' e como ''liderança intelectual e paradigmática ''. É uma reformulação do conceito de Maquiavel sobre o poder como uma combinação de consentimento e coerção. A coerção implica o uso da força ou uma ameaça de força digna de crédito ; o consentimento implica a liderança paradigmática. Nessa dicotomia não há espaço para o instrumento mais característico do poder capitalista : o controle dos meios de pagamento. Na concepção de Gramsci do poder, a área cinzenta que se situa entre a coerção e o consentimento é ocupada pela ''corrupção '' e pela ''fraude '' : ''

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  7. '' Entre o consentimento e a força situa-se a corrupção-fraude (que é característica de certas situações em que é difícil exercer a função hegemônica e em qu o uso da força é arriscado demais. Ela consiste em conseguir a paralisação e a desmoralização do antagonista (ou antagonistas ) através da compra de seus líderes --- quer

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  8. É verdade que o Estado ainda é visto como o instrumento de um grupo particular, destinado a criar condições favoráveis para a máxima expansão deste. Mas o desenvolvimento e o grupo específico são concebidos e apresentados como sendo a força motriz de uma expansão universal, de um desenvolvimento de todas as energias ''nacionais '' (A. Gramsci

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