Décadas após o início da crise dos anos 1970. Vemos que a globalização
seguiu uma trajetória que reforça a expansão das mesmas tendências fundamentais
do capital financeiro... no sentido de buscar a uniformização do capital ,
elevando a importância do espaço econômico. A globalização foi guiada unicamente pela possibilidade de cartelização internacional com base numa
concentração mil vezes mais avançadas do capital . Claro que o poder político
foi decisivo na luta competitiva de caráter econômico, e que para o capital e
seu lucro a posição estatal é importantíssima , mas, na verdade , o que
delimita os territórios econômicos em expansão são barreiras protetoras que não
precisam coincidir necessariamente com fronteiras nacionais , tarifárias ou
coloniais . Isso continua válido na nova fase de expansão e dominação do
capital financeiro. O que se altera não é o papel do poder político, são suas
formas de atuação e de proteção dos espaços econômicos garantidos para os seus
capitais . O processo de centralização capitalista acelerado nas últimas
décadas concentrou ainda mais o poder econômico num espaço político ainda mais
restrito . E o controle da tecnologia e da capacidade de investimento
transformou-se nas novas barreiras que se somam às intervenções às intervenções
diretas das grandes potências na disputa e preservação dos seus mercados
extra-nacionais. A aliança entre o
capital financeiro e os grandes poderes políticos tornou-se hoje em dia ainda
mais indispensável do que no passado . Agora a competição capitalista e estatal
se dá forma mais fluida mas mais concentrada, razão pela qual as novas
fronteiras dos territórios econômicos estão em um processo contínuo de destruição
e reconstrução , definidos pelos avanços financeiros e conquistas comerciais que
são a face e o reverso das disputas estatais . A concentração do capital e do
poder político através do século XX permitiu inclusive que as ‘’novas
combinações ‘’ responsáveis pela inovação schumperiana fossem cada vez mais uma
de obra de um ‘’empreendedor coletivo ‘’ formado por ‘’grandes blocos de poder
financeiro e político ‘’, indistinguíveis entre si . Como se agora tivessem em
comum mais do que nunca (nas palavras de Schumpeter ) ‘’o sonho e o desejo de
fundar um reino privado e também uma dinastia ‘’. Da mesma forma, nos ciclos de
expansão financeira de que nos fala Braudel , o estado se alia às finanças
sustentando a multiplicação do capital
fictício , ‘’pelo toque da vara de condão ‘’ das dívidas públicas . Com a
diferença que hoje em dia, avançado o processo de internacionalização e
desregulamentação das finanças, surgiu uma espécie de ‘’dívida pública mundial ‘’ que é administrada
como um sistema de crédito internacional pela finança privada capitaneada por
quatro ou cinco Bancos Centrais relevantes do mundo . Além do mais, desfeitas
as fronteiras entre moeda, finanças e capital , as políticas monetárias se
transformaram em alavancas simultâneas da competição entre os Estados e do jogo
especulativo e da acumulação da riqueza abstrata.
K.M.
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