----- Durante a guerra Fria (eu disse à ela ) empresas como a ITT
forneceram, patrioticamente, executivos como Robert Vogeler para a Hungria, a
fim de realizar espionagem por conta do governo dos Estados Unidos. E mesmo
hoje em dia existem muitos homens de negócios que realizam delicadas missões de
coleta de informações para o Departamento de Estado e a CIA. Em 1938 a ITT ,
através de uma subsidiária alemã , comprou 28 por cento das ações da Focke-Wulf,
que produziu os bombardeios que atacaram os navios aliados durante toda a
Segunda Guerra Mundial. Trinta anos depois, a companhia recebeu U$26 milhões de
indenização do governo americano pelos danos infligidos às suas fábricas na Alemanha
por bombardeios americanos . O Coronel Sosthenes Behn, fundador da companhia, e
outros altos executivos sa ITT, reuniram-se com dignatários alemães na Espanha
e na Suíça para discutir o futuro da empresa. Como várias outras empresas
sediadas nos Estados Unidos, a ITT manteve cordiais relações com Goering e
Hitler antes da guerra . Os serviços de comunicação da ITT na Europa prestaram
apoio direto à máquina de guerra nazista durante todo o conflito ; ao fim da
guerra, a companhia era também uma grande empreiteira militar do governo
americano, e seus executivos trabalhavam em estreito contato com agentes de
informação aliados . E Há um estudo de Anthony Sampson sobre as atividades da
ITT durante a guerra onde se afirma que ‘’ o único poder ao qual ele (Behn) serviu invariavelmente foi o poder supranacional da ITT (.) Os administradores
das empresas globais foram os primeiros a proclamar a futilidade da Guerra Fria
, que inibia o livre comércio de bens ‘’estratégicos’’ ou fechava os grandes
mercados potenciais e reservatórios de mão-de-obra que foram certa vez
conhecidos como ‘’bloco sino-soviético ‘’ . Em 1971 (por exemplo ) Howard D.
Harder , presidente do conselho da CPC International, membro de um grupo de
mais de cem importantes industriais que visitaram a União Soviética em dezembro
deste ano , numa viagem planejada pela Business International e pelo
Departamento de Comércio dos Estados Unidos , achava que o comércio com a URSS
poderia alcançar U$ 2 bilhões por volta de 1975 (mal chegou a dois milhões de
dólares em 1971) ‘’Seria Maravilhoso, sou francamente favorável a isso ‘’ ele disse
na entrevista histórica . A CPC , que fabricava sopas Knorr em Ljubljana,
Iugoslávia , achava que os soviéticos poderiam também gostar de obter a receita
da sopa, bem como nosso ‘’ know-how para construir a fábrica ‘’. Firmas
produtoras de maquinaria agrícola, em especial , consideravam a abertura do
mercado soviético como um grande progresso . Fábricas químicas americanas
estavam sendo construídas na União Soviética. O Chase Manhattan estava chegou a
abrir filiais em Moscou e Pequim na década de 1970. Mesmo anos antes da chegada
do Presidente Nixon a Pequim,
fabricantes de refrigerante especulavam na imprensa sobre o que significaria
vender aos 800 milhões de chineses da população da época, ‘’apenas uma
coca-cola por semana ‘’ . A.W. Clausen , do Bank of America, mostra-se definitivamente
interessado numa entrevista de 1974 .. em ‘’contribuir para evitar guerras e
outras graves perturbações que bloqueiam recursos, interrompem comunicações e
matam empregados e clientes do banco ‘’. Saravá ! Naquela época, os conflitos
sociais e políticos eram escancaradamente administrados e resolvidos por meio
da tecnologia ‘’As empresas transnacionais ‘’, diz diz uma parte da Business
international ‘’possuem alta proporção de tecnologia , talento administrativo e
capital privado necessários para a solução dos problemas econômicos e sociais
deste planeta . Podem desincumbir-se da tarefa de desenvolvimento de recursos
do mar , do desenvolvimento econômico dos países pobres , do treinamento de
pessoas para o trabalho administrativo especializado e técnico e de criação de
empregos para os desprivilegiados ‘’ . Em outras palavras : aquilo que se
espera que os governos façam, pelo menos era
assim que os xerifes da economia dissimulavam seus interesses,
invariavelmente apresentando o modelo de desenvolvimento econômico americano
como modelo para a economia mundial . ‘’O mundo hoje é muito parecido com o
continente americano há cem anos ‘’, ouviu-se na discussão da Mesa Redonda de
altos Executivos ‘’Como a América daquela época , o mundo está a caminho de
tornar-se um único mercado ‘’ . Mas o que teria acontecido (eu lhe pergunto )
se há cem anos os habitantes de Nevada tivessem o poder de limitar os
investimentos externos ou exigir a propriedade de 51 por cento de todas as
operações no exterior ?? Por sorte dele, o governo local nunca teve tal poder. ‘’As
nações deviam renunciar a essas arbitrárias e irracionais reações à penetração
estrangeira das empresas globais se quisessem alcançar a estrutura global da
perfeição , baseada no ‘’modelo americano ‘’‘’. Num mundo realmente tornado
menor e mais homogêneo , os avatares da economia transnacional já desenvolviam
uma lealdade à companhia e às suas profissões muito maior que sua lealdade à
pátria . A grande nivelação pela empresa global : transferência de tecnologia,
bens e pessoal especializado das zonas ‘’privilegiadas ‘’ para as ‘’desprivilegiadas ‘’. Os líderes do novo
globalismo também são os executivos e empregados das empresas, cujo perfil
ainda vive do estereótipo do herói da propaganda liberal (.) ----, concluí .
K.M.
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