sexta-feira, 31 de março de 2017

Diplomacia empresarial.



Theodore H. Moran, da Brookings Institution,  há décadas analisou  a estratégia diplomática da Kennecott para impedir a nacionalização. A empresa elaborou o seguinte plano : desenvolveu , para usar   as palavras de Moran , uma ''formidável rede de alianças  transnacionais '', na esperança de que nenhum governo ousasse expropriar suas minas . Tomou um grande empréstimo ao Eximbank e levantou 45 milhões de dólares de capital adicional ''pela venda de contratos de cobra a longo prazo com clientes europeus e asiáticos a um consórcio de bancos europeus... e a um consórcio  de instituições japonesas ''. Procurou seguir a imposição de sanções legais diretamente ao Estado chileno e tirou proveito máximo das garantias da AID, do governo americano . ''O objetivo dessas medidas '', disse Robert Haldeman , vice-presidente executivo das operações chilenas, a Moran , ''foi assegurar que ninguém exproriaria a Kennecott sem perturbar as relações com credores, clientes e governos de três continentes ''. Observa Moran que a ''Anaconda, a Asarco , a Freeport  Sulphur e a Roan Selection seguiram as linhas traçadas pela Kennecott ao negociarem novas concessões na América Latina, sul da Ásia e África. Quando o Congresso Chileno, a despeito de todos os esforços da companhia, resolveu unanimemente nacionalizar as minas, a Kennecoott foi aos tribunais da França, Suécia, Alemanha, Itália etc para bloquear todos os pagamentos ao Chile pelo cobre nacionalizado e vendido nesses países. ''Os funcionários da Kennecott estão dispostos a manter a pressão sobre o Chile '', comunicou a revista Time . ''Os escritórios em Manhattan do Procurador-Geral Pierce McCreary , que dirige a campanha, tem o ar de uma sala de operações de guerra ''.

K.M.

8 comentários:

  1. Em fins de 1972, David Rockefeller falou ao conselho sobre seus próprios esforços diplomáticos, de uma grande viagem pela América Latina que incluiu uma cerimônia de condecoração, televisionada para todo o país, no gabinete do Presidente da Colômbia, na presença de três ex-Presidentes. ''O Presidente disse coisas que julguei difícil a qualquer presidente latino-americano dizer a respeito de um nome tão identificado com o capitalismo ''. Observando que ''amiúde, quanto mais democrático o país, mais hostil é aos investimentos estrangeiros'', o presidente do conselho do Chase Manhattan Bank observou que isso não acontecia na Colômbia, que ele ''aparentemente'' (risos ) considerava uma democracia. Diferentes empresas observam políticas externas diferentes, dependendo de seus interesses . A Sears, por exemplo , tinha uma opinião muito menos otimista sobre a Colômbia na época do que o banco do Sr. Rockefeller. Isso pela razão óbvia, comentou mais tarde o vice-presidente da Sears, de que os bancos pouco tem a temer de um movimento em direção a uma economia mais fechada, já que podem emprestar dinheiro a governos, mas um bazar de consumidores como a Sears ganha dinheiro apenas nos locais onde floresce livre de obstáculo a iniciativa privada pura.

    K.M.

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  2. Às vezes ''estar entregues aos nossos próprios meios '' significa que as empresas globais, na verdade, formulam a política externa americana em relação aos países onde operam. Isso tornou-se óbvio nos casos dos países de propriedade de companhias ,como Honduras, que pertencia à United Fruit, e a Libéria, que era feudo da Firestone. Coutadas particulares. ''Precisamos efetuar o destripamento da incipiente economia do país a fim de expandir e promover nossos objetivos. Temos que prolongar sua turbulenta vida ; o vento deve enfunar apenas nossas velas e a água molhar apenas nossas quilhas '', escreveu um gerente da United Fruit a um advogado da companhia, comentando a situação de Honduras em 1920. Em 1931, a companhia empregou bandos armados para intimidar trabalhadores grevistas. Aviões da empresa foram empregados para sequestrar líderes grevistas e levá-los para El Salvador. Rufiões a serviço da companhia destruíram a machete, nas plataformas das ferrovias, os carregamentos de bananas dos concorrentes . Em 1920 , a Firestone emprestou dinheiro ao falido governo liberiano , em troca do qual o governo concordou em aceitar um conselheiro financeiro americano, dar à companhia o controle do único banco do país e do levantamento de qualquer outro empréstimo interno e conceder-lhe a distribuição de todos os mais importantes bens de consumo de fabricação americana e européia.

    K.M.

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  3. Era simplesmente absurdo falar em uma política externa americana em relação a esses países que divergisse, no mínimo que fosse, da política da United Fruit e da Firestone.

    K.M.

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  4. Governo americano precisa dar mais espaço para as empresas desempenharem papéis de fato relevantes na elaboração da política externa operativa ; há muitos pontos divergentes e os argumentos de que o mercado financeiro é liberal ou politicamente definido soa deslocado nessa discussão. Forças liberalizantes, o rótulo político tanto faz na maior parte do tempo.

    K.M.

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  5. A United Fruit (ou Brands) vendeu a parte de suas plantações na América Central para concentrar-se na comercialização de bananas de outros produtores sob a marca ''Chiquita '', e que é uma maneira mais lucrativa e politicamente menos delicada de fazer negócios. A Libéria liquidou seus empréstimos. Até

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  6. Até que ponto o sucesso de alguns governos americanos anteriores está associado ao poder que as grandes empresas tiveram de modelar a política do Departamento de Estado ? O Governo Nixon mudou a política de seus antecessores em 1970 quando o Conselho de Segurança Nacional aprovou um documento secreto classificado como NSSM 39 , o qual, de acordo com uma noticia que se filtrou até o The New York Times, pede ''contatos e comunicações deliberadamente ampliados com os governos brancos do sul da África'', Conquanto alguns argumentos que justificam essa mudança de política fossem estratégicos (acesso ao Oceano Índico , por exemplo ), a principal razão era ajustar a política externa à realidade que as grandes companhias americanas haviam criado há muito tempo

    K.M.

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  7. Não se trata absolutamente da substituição da lealdade nacional pela lealdade empresarial . Trata-se de uma descrição do diálogo.

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