domingo, 30 de abril de 2017
Aprendendo com os gansos.
O modelo dos gansos voadores certamente poderia ser apresentado de forma ainda mais geral do que a que fiz até agora. A hipóteses básica é a de que as manufaturas com menor densidade tecnológica vem sendo reproduzidas sequencialmente em países com menor grau de industrialização aproveitando espaços anteriormente ocupados pelos países mais desenvolvidos . A dinâmica deste movimento pode ser atribuída a : 1 - no caso do ganso líder : substituições de exportações decorrente da penetração em novos setores com maiores taxas de crescimento nos mercados mundiais e com maiores efeitos expansivos sobre a economia e as pressões do balanço de pagamentos ; aumento repentino e contagioso do protecionismo nos mercados consumidores (Estados Unidos principalmente) ; e no caso do ganso retardatário : aproveitamento dos espaços abertos pelo ganso líder nos grandes mercados consumidores e introdução de técnicas anteriormente desenvolvidas por aquele. Uma vez exaurido os efeitos decorrentes da introdução, num país, de setores , tecnologias, ou , se quiser, uma vez adquirida maior maturidade industrial ---- menores efeitos expansivos internos, maiores pressões sobre a balança comercial ---- o deslocamento tecnológico do ganso líder estimulando a introdução de novos setores e técnicas --- tanto mais rápida quanto for efetiva a política industrial de catching-up ---- abrindo espaço para o ganso subsequente internalizar as atividades de menor densidade tecnológica e repetir a mesma dinâmica. A macroeconomia expansiva observada na região apresentou desde os anos 1980 superávit comercial com os países da OCDE, e em especial com os EStados Unidos, viabilizando no Sudeste e no Sudoeste asiático uma estratégia de especialização e deslocamento sequencial de indústrias. O déficit comercial intra-indústria dos países mais atrasados com o Japão foi parcialmente compensado por superávits no comércio intra-indústria e inter-indústria com a OCDE . A disponibilidade de financiamento externo dos bancos e agências oficiais e o crescimento do IDE associado às exportações manufatureiras vieram até o presente financiando o déficit em transações correntes sem abortar o crescimento econômico.
K.M.
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