segunda-feira, 10 de abril de 2017

CONVENCIMENTO.



A esfera pública é percebida por Jurguen Habermas como uma ''caixa de ressonância '' em que os problemas politicamente relevantes problematizados no mundo da vida encontram eco . Cabe à esfera pública tbm ser capaz de tematizar as questões problemáticas de modo eficiente, para conseguir dramatizar os problemas de modo a sensibilizar e convencer a opinião pública e contribuir para a modificação da vontade política. A esfera pública transforma-se assim em uma instituição constitutiva do mundo moderno . Ela pode ser descrita como uma rede de comunicação de conteúdos e de tomadas de posição e opiniões as quais são filtradas e sistematizadas a ponto de formarem ''opiniões públicas ''. Do mesmo modo que o mundo da vida como um todo, o qual enfeixa todas as relações intersubjetivas na sua definição conceitual, a esfera pública reproduz-se a partir da ação comunicativa; ela é o espaço social da prática comunicativa que confere vitalidade ao mundo da vida. A partir do instante em que o espaço público se estende além das interações simples, temos uma abstração do princípio , mas não necessariamente sao ‘’desvirtuação’’ . Afinal, a luta por influência na esfera pública pressupõe o CONVENCIMENTO dos participantes. Assim, alguma dessemelhança estrutural do acesso aos meios de comunicação e a fonte de prestígio pessoal não retira a autoridade do público que assente , na medida em que nosso público de leigos tem tbm de ser conquistado argumentativamente, no contexto de uma esfera pública minimamente pluralista. A esfera pública política compartilha com a esfera pública literária o objetivo de articular experiências na dimensão das vidas privadas individuais dos cidadãos. A relação de ambas as esferas com a esfera privada ---- e isso é válido especialmente para a política ---- precisa operar uma ‘’comunicação modificada ‘’ das experiências privadas de modo a liga-las a aspectos politicamente relevantes. 

K.M.

12 comentários:

  1. O tema da esfera pública possibilita a discussão da questão do aprendizado coletivo no sentido também prático-moral como elemento principal do processo pedagógico pressuposto na democracia. Este tema é de imensa atualidade e importancia para o desafio do aprofundamento democrático mundial.

    K.M.

    ResponderExcluir
  2. O tema da esfera pública já é o tema central da tese de livre docência de Habermas, um dos filósofos mais importantes das últimas décadas. No livro MUDANÇA ESTRUTURAL DA ESFERA PÚBLICA , datado ainda de 1962 .

    K.M.

    ResponderExcluir
  3. O interesse primário do filósofo foi encontrar em germe todos os temas que iriam concentrar seus esforços nas décadas seguintes. Ele interessa-se em perceber a gênese histórica da categoria do ''público'' , que no sentido moderno só começa a desenvolver-se em combinação com fatores materiais e simbólicos novos.

    K.M.

    ResponderExcluir
  4. Uma esfera pública de conteúdo não-estatal nasce apenas a partir da transformação da função da imprensa de uma atividade meramente informativa do que interessa ao EStado tornar público para uma concepção de uma veículo ou fórum apartado do Estado e conectado com a economia e a sociedade.

    K.M.

    ResponderExcluir
  5. É esse fórum de pessoas com capacidade de julgar que permite a formação de uma opinião pública crítica capaz de introduzir a questão da LEGITIMIDADE DISCURSIVA DO ESTADO. O que é público, de interesse geral e para o bem de todos, precisa a partir de agora PROVAR-SE ARGUMENTATIVAMENTE ENQUANTO TAL .

    K.M.

    ResponderExcluir
  6. Essa esferaque nasce é ''regulamentada '' pela autoridade pública, mas é dirigida diretamente CONTRA a autoridade política, na medida em que o princípio de controle do público contrapõe à dominação o desejo de modificá-la. A demanda política por uma maior reflexividade na formação da opinião coletiva tem como pressuposto experiências pessoais privadas e ou profissionais ue se originam na esfera íntima.

    K.m.

    ResponderExcluir
  7. A mudança estrutural na esfera pública está intimamente relacionada com a mudança estrutural de sua instituição mais importante : a imprensa. Originariamente, a imprensa foi ''parteira '' da esfera pública ao mediar e fazer o papel de ''auto-falante '' de um público pensante que discutia suas experiências privadas e públicas num fórum compartilhado coletivamente.

    ResponderExcluir
  8. Na verdade , nos primeiros livros de Habermas já existe eem germe a intuição que guiará a produção intelectual do filósofo como um fio condutor : a idéia de que a sociedade moderna engendra formas de sociabilidade radicalmente novas segundo um padrão de racionalidade inédito.

    K.M.

    ResponderExcluir
  9. A tese da existência de uma racionalidade comunicativa é a base do projeto de Habermas, e aponta para uma ''competência potencial '' passível de tornar-se efetiva nas sociedades modernas. O grau em que essa racionalidade pode tornar-se real é uma questão empírica e reflete o jogo das forças políticas em ação, sendo, portanto, um jogo ABERTO.

    k.m.

    ResponderExcluir
  10. Habermas fundamenta a razão comunicativa como específica para um mundo moderno e crítico como o nosso. A racionalidade comunicativa é vista , nesse sentido , como apenas possível num contexto pós-tradicional, sendo mais um processo, a refletir uma forma de lidar com todo tipo de reivindicações valorativas.

    K.M.

    ResponderExcluir
  11. É antes muito mais uma ATITUDE do que um CONTEÚDO , madura no campo do republicanismo.

    ResponderExcluir
  12. O que está em jogo aqui é a recusa da visão de que a sociedade como um todo deva ser democratizada, o que exige uma espécie de '' compromisso '' entre as necessidades funcionais da complexidade social e formas de integração em vários níveis. Fundamental, no entanto, para esta empreitada, parece ser a distinção entre ''mundo da vida '' e ''sistema '' enquanto esferas sociais regidas por princípios reguladores mutuamente excludentes.

    K.M.

    ResponderExcluir