O problema do elitismo democrático.

O apontamento das elites enquanto portadoras da racionalidade é o argumento introduzido por Schumpeter enquanto resposta à irracionalidade do eleitorado ou do homem comum :  os limites da racionalidade das elites. Nenhuma das versões do elitismo democrático consegue (na verdade ) dar uma solução satisfatória ao fato das elites possuírem interesses próprios e serem capazesde estabelecer uma agenda política intra-elites, agenda essa que não necessariamente se compatibiliza ou inclui interesses coletivos maiores. Sem negar que existam critérios capazes de justificar a necessidade de um tipo administrativo de racionalidade, não poderíamos, por outro lado, negar que a democracia necessita de critérios para uma compatibilização entre essa esfera administrativa e uma outra instância na qual se daria uma discussão política capaz de determinar as orientações do governo e capaz de limitar  o exercício da autoridade. O ELITISMO DEMOCRÁTICO  ao limitar a democracia ao método da constituição do governo ignora tal dimensão resolvendo, de forma insatisfatória, o problema da geração de racionalidade na política moderna ao não problematizar o processo de discussão em si que leva à constituição do governo. A redução da racionalidade individual à maximização da utilidade e dos benefícios materiais. Se por um lado Downs inequivocamente oferece uma contribuição à teoria democrática na medida em que reintroduz a dimensão do indivíduo racional , por outro, a forma como ele identifica a racionalidade e a maximização da utilidade, é muito problemática, porque ela deixa de lado a questão dos bens simbólicos cada vez mais relevantes na política contemporânea e porque ela parece ser altamente irrealista em relação ao seu entendimento da ''ação humana ''. Mas ambas as críticas (de Schumpeter e Downs ) apontam na mesma direção, ao ressaltarem o fato de o ''elitismo democrático '' reduzir a democracia a uma forma de organização do governo no qual a sociedade não desempenha papel algum. AS formas de discussão e opinião pública características da própria organização da sociedade desaparecem na medida em que o elitismo vincula sua teoria da racionalidade a uma diminuição da participação política.

K.M.