A questão que a emergência dos organismos do Sistema Monetário Internacional ( e outros semelhantes) levanta é por que e como eles tiveram lugar em uma época de crescente ênfase ideológica nas soluções das relações econômicas internacionais comandadas pelo Mercado Financeiro. Porque criar novos mecanismos de coordenação para regular e administrar mercados e transações quando se supõe que essa regulação e administração são cada vez mais reprovadas pelas formulações de políticas ???? Esboço uma resposta rápida aqui: '' O Comitê de Basel respondeu às demandas feitas em outros lugares ---- tanto pelos governos, através de seus bancos centrais, quanto pelas companhias comerciais envolvidas na atividade de intermediação financeira. Uma consequência paradoxal da inovação financeira desatrelada pela liberalização nacional e desregulamentação dos mercados financeiros na década de 1980, e do desenvolvimento tecnológico dos sistemas de informações e comunicações produzidos introduzidos em sua esteira foi um sentido de ''perda de controle '' organizacional , experimentada tanto pelas autoridades dos bancos centrais como pelos próprios administradores das instituições financeiras. O desenvolvimento da atividade ''fora-de-balanço'' baseada em pagamentos (opções, swaps , operação a termo , futuros, etc ) pelos bancos e outras instituições enfraqueceu as práticas bem estabelecidas e conhecidas da administração comercial dentro dentro daqueles estabelecimentos e países. Paradoxalmente , uma tecnologia introduzida na expectativa de fornecer informações atualizadas velozmente e assim ajudar os administradores, deu a eles um sentimento de ''perda de controle ''. Essas instituições tinham previamente pensado em seu ambiente comercial como um ''campo nivelado '' em termos de atividade competitiva entre companhias e países. Mas este foi enfraquecido por uma série de acontecimentos. Os atores passaram a não mais entender quais eram suas bases de capital ou como ela funcionava em termos de crédito e de mercado de risco. Esse reconhecimento foi interrompido pela engenharia financeira inovadora dos anos 1980 . A velocidade de introdução de novos instrumentos financeiros, o passo rápido da própria atividade comercial , e a necessidade de decisões ''imediatas'' que tinham que ser tomadas por comerciantes locais ou nos mercados de balcão significaram que , mesmo administradores de bancos comerciais, tornaram-se inseguros em relação à sua exposição ao risco e ao valor real de suas firmas. Bancos oficiais, acompanhados de seus supervisores nacionais , os bancos centrais, tinham assim interesse em restabelcer uma maior transparência, em vista das novas circunstâncias que enfrentavam nas transações internacionais. Como diversos comentaristas (Helleiner ; Kapstein ; Padoa-Schioppa e Saccomanni ) apontaram , esta atitude entre as autoridades dos bancos centrais , os governos e os principais bancos comerciais foi primeir alimentada (e mais tarde reforçada ) por diversas crises-falências bancárias das décadas de 1970 e 80 (Bankhaus Herstatt, na Alemanha ; Franklin National Bank, Em NYC ; e British-Israel Bank, Londres; todos em 1974; Baco Ambrosiano, em 1982-83; BCCI, em 1992 ). Essas crises bancárias foram administradas com êxito por meio da intervenção judiciosa e cooperação dos governos nacionais. Assim, foi estabelecida pelos governos nacionais a tendência de cooperar mais plenamente em uma série de tarefas mais amplas de supervisão e de monitoração nesse campo .De fato, o papel central da política dos governos nacionais na criação do M-SMI e sua relevância contínua para a governabilidade financeira internacional é realçada por Helleiner quanto por Kapstein em suas análises. Esses autores disputam, em primeiro lugar , a visão de que a virada do G-SMI para o M-SMI foi resultado muito mais de forças inexoráveis econômicas ou tecnológicas do que de mudanças políticas e , em segundo , a idéia de que, por isso, a vontade ou a habilidade dos governos nacionais de administrarem o sistema atual enfraqueceu. ''O movimento para um sistema financeiro liberalizado nacionalmente , na década de 1980 , foi resultado de decisões políticas deliberadas tomadas em face de uma série de escolhas definidas disponíveis para os formuladores de políticas ''(Helleiner ). DA mesma forma , o desenvolvimento subsequente de um novo regime de regulação foi igualmente conduzido pelos governos nacionais e, de acordo com Kapstein , ''são os governos nacionais que permanecem centrais nesses regimes ''. Por exemplo , foram os Estados Unidos que tomaram a dianteira em garantir o Acordo de Basel . Dentro dessa estrutura , a supervisão de instituições financeiras do país de origem chegou a dominar a supervisão do país receptor ----o que Kapsten denomina de o princípio de cooperação internacional baseada no controle do país de origem ''. Isto foi, então , aos poucos, aceito por todos os Estados participantes e continua a ser a característica dominante do sistema. Embora tenham havido tensões entre o controle do país de origem e do país receptor, e entre ambos e as organizações multinacionais que apostavam na regulação e supervisão de instituições financeiras, o papel central do Estado -nação de origem no processo continua . E mais, ainda de acordo com Kapstein , os países não envolvidos diretamente com o processo do Acordo de Basel haviam sido perspicazes de fixarem , eles próprios, sua estrutura de regulação. Esta lhes foi empurrada pelos bancos que operavam naqueles países. A dinâmica do sistema era alimentada por um desejo de comandar o marcado para alcançar uma certa ''posição de crédito '' correspondente àquela dos bancos aprovados do G-20 ---- uma posição dependente da operação dentro das diretrizes do Acordo de Basel .Outra consequência desse processo é que a ''informalidade '' dos processos de tomada de decisão do sistema realmente alimentava uma ênfase na CONFIANÇA entre as partes envolvidas. Não se tratava de uma questão simplesmente de regras e procedimentos formais entre elas, mas tbm da natureza informal do processo de tomada de decisão .O sucesso desse procedimento falava contra a idéia de substituí-lo por meio da criação de um novo organismo multinacional formal para regular e supervisionar todas as atividades do mercado de capital sob um único teto --- -tal como a autoridade de supervisão dos mercados de capitais sugerida por Bergsten. O sistema atual de cooperação internacional está em vigor no caso de supervisão bancária, e de forma embrionária no caso dos mercados de títulos públicos. Os mercados então passaram a ser não ''totalmente desregulamentados '', mas a funcionar como um ''sistema elaborado para a administração detalhada de transações financeiras internacionais ''. Eles se juntaram para organizar uma efetiva supervisão da nova situação. E esta permaneceu naturalmente uma supervisão limitada, de uma economia internacional comandada pelo Mercado. Sempre pareceu desastroso que uma regulamentação qualquer pudesse alterar a fixação dos preços pelos mercados ou direção dos fluxos financeiros. Os mercados monetários foram levados a operar amplamente desimpedidos e as taxas de câmbios a encontrarem seus próprios níveis. Assim ,maciços fluxos de capital de curto prazo especulativos podiam ainda causar certa apreensão com objetivos estabelecidos de administração econômica.
K.M.
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