Não importa : em seus hábitos caseiros, nos costumes pessoais, na simplicidade dos seus gostos, na veemência de suas paixões amorosas, no que nele era apenas humano, o general até parecia bastante com qualquer homem comum . Um Napoleão sem aura luminosa, como que arrastado pelo destino , a exceder-se a si mesmo vestindo-se na fantasia de grande ator do mundo, para ser o maior soldado não apenas de sua época, mas igual ou superior à Felipe, a Alexandre, A Aníbal e a César, pela magnitude de seus feitos e originalidade das suas concepções como estrategista. Resumindo : a arte militar em dois tempos : antes de Napoleão e depois dele, com seu inexcedível poder de decisão, acerto das manobras, a rapidez do desenvolvimento das campanhas, o olhar de águia lançado do alto para apreender todas as minúcias necessárias à condução vitoriosa da guerra. É a sua ARTE que ainda hoje domina o quadro moderno da estratégia e da tática, do emprego das armas para assegurar o predomínio do mais forte. Em 1948, explicando as desventuras do Exército que comandara em momento trágico da história da França, o General Gamelin comentava que Napoleão havia ensinado a ''guerra de movimento '' e jamais a ''estagnação em trincheiras ''. A Linha Maginot foi anti-napoleônica ; foi assim contrária à lição da mobilidade dos Exércitos vitoriosos do Corso. Enfim: apenas um , entre múltiplos aspectos, que tornam Napoleão um personagem histórico permanentemente moderno, porque há nele profundas afinidades com o homem do povo, enfeitiçado com os dons misteriosos acumulados na mente daquele ''petit caporal '', que desmantelava os Impérios, distribuía coroas e, durante mais de vinte anos, desafiou e venceu os mais poderosos exércitos do mundo.
K.M.
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