sexta-feira, 7 de abril de 2017

Portador de um INTERESSE GERAL ????

Tal como um número relativamente grande de outros estudiosos da política e da sociedade mundiais (Cox ; Keohana ; Gill ; Law ; Rupert ; Robinson ) , derivo tbm meu conceito de hegemonia da idéia de Antônio Gramsci de que ''A supremacia de um grupo social ou político manifesta-se de duas maneiras, como DOMINAÇÃO  e como LIDERANÇA INTELECTUAL  . Um grupo social domina grupos antagônicos que tende a''liquidar '' ou subjugar em nome do interesse geral ; não excluindo o emprego da força armada ; assim ,ele lidera grupos aparentados ou aliados ''. Enquanto a dominação repousa principalmente sobre a coerção , a liderança associada à hegemonia repousa sobre a capacidade do grupo dominante de apresentar-se como portador de um INTERESSE GERAL e de ser percebido assim . ''É  verdade que o Estado é visto como um instrumento de grupos particulares encarregados de manifestarem o interesse geral , voltados para criar condições favoráveis à máxima expansão da atividade coletiva. Porém, o desenvolvimento e a expansão de tais grupos são concebidas e apresentadas como sendo a força motora de uma expansão universal '' (Gramsci ).

K.M.

19 comentários:

  1. O interesse geral do sistema como um todo pode ser identificado em se reformulando uma perspectiva dos sistemas mundiais a distinção de Talcott Parsons entre os aspectos ''distributivos '' e ''coletivos ''do poder. Os aspectos distributivos do poder referem-se a um jogo de soma zero no qual um agente só pode adquirir poder se outros o perderem. A definição de poder de Max Weber como '' a probabilidade de que um agente, em uma relação social , esteja emcondições de impor sua vontade apesar da resistência '' concentra-se nesses aspectos distributivos do poder. Seus aspectos coletivos, em contraste , referem-se a um jogo de soma positiva no qual a cooperação entre agentes distintos lhe aumenta o poder em relação a terceiros

    K.M.

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  2. A distinção entre poder distributivo e coletivo, traçada por Parsons com referencia a sistema sociais unidos por uma jurisdição política comum, aplica-se tbm a os sistemas sociais que abrangem múltiplas jurisdições políticas. Nestes últimos, o interesse geral representado por um agente hegemônico não pode ser definido em termos de mudanças na distribuição do poder entre as jurisdições políticas, Mas pode ser definido em termos de um aumento do poder coletivo em relação à terceiros, por parte dos grupos dominantes de todo o sistema.

    K.M.

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  3. Em linhas gerais , pode-se esperar que as afirmações de estar representando um interesse sistêmico geral , definido dessa maneira, ganhem credibilidade e , com isso, ampliem o poder de um Estado pretensamente hegemônico, em duas condições. Primeiro, os grupos dominantes desse Estado devem ter desenvolvido a capacidade de liderar o sistema em direção a novas formas de cooperação e divisão do trabalho interestatais que permitam às unidades do sistema romper com o que Waltz chamou de ''A tirania das pequenas decisões '', ou seja, superar a tendência de os Estados separados buscarem seu interesse nacional, sem levarem em conta os problemas de nível sistêmico que exigem soluções em nível sistêmico.

    K.M.

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  4. Em primeiro lugar , tem de haver um oferta efetiva de capacidade de governabilidade mundial. Em segundo lugar , as soluções de nível sistêmico oferecidas pela pretensa nação hegemônica deve endereçar-se a problemas de nível sistêmico que se tenham agravado a ponto de criar, entre os grupos dominantes emergentes ou vigentes do sistema, uma ''demanda '' profunda e amplamente sentida de gestão sistêmica.

    K.M.

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  5. ''Quando essas condições de oferta e demanda são simultaneamente atendidas, a pretensa nação hegemônica pode vir a desempenhar um certo papel de ''sucedâneo de governo '', ainda que compartilhado com a opinião internacional, promovendo, organizando e administrando a expansão do poder coletivo dos grupos dominantes do sistema'' (Waltz)

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  6. Minha investigação pessoal sempre concentrou-se nos processoque criaram reiteradamente essas duas condições no moderno sistema de EStados soberanos, desde sua fundação formal, sob a hegemonia holandesa em meados do século XVII. Assim como o modelo de Wallerstein , o meu descreve um ciclo hegemônico. Ao contrário do dele, no entanto, o meu modelo torna endógena a mudança sistêmica atual.

    K.M.

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  7. A reorganização sistêmica promove a expansão segura, ao dotar o sistema de uma divisão de trabalho e uma especialização de funções mais ou menos profunda. A imitação e o consenso fornece aos Estados separados a legitimação e o o impulso motivador necessário para mobilizar energias e recursos.

    K.M.

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  8. Sempre há uma certa tensão entre essas duas tendências, mas apenas porque uma divisão do trabalho e especialização das funções mais amplas e mais profundas envolvem a cooperação entre as unidades do sistema, ao passo que a ''imitação'' baseia-se em uma competição mútua e a fomenta.A princípio, a imitação funciona em um contexto predominantemente cooperativo e , portanto, age como um motor da expansão. E a expansão aumenta o que Emile Durkheim chamava de ''volume '' ou densidade dinâmica '' do sistema, o número de unidades socialmente relevantes que a integram no sistema e o número , variedade e velocidade das transações que ligam as unidades entre si... com o tempo, esse aumento do volume e da densidade dinâmica do sistema tende a intensificar a competição entre as duas unidades para além da capacidade reguladora das instituições existentes. Quando (e se ) isso acontece, a ''tirania das pequenas decisões '' leva a melhor , o poder do EStado pretensamente hegemônico sofre ou não (assim ) um a ''deflação'' ou um ''questionamento internacional''

    K.M.

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  9. A atual transição hegemônica norte-americana, que para a quase totalidade dos estudiosos está dirigida para a cHina ou para um destino ainda desconhecido, no meu modelo de ciclos sistêmicos é ''endógena '', uma transição hegemônica entre as forças nacionais internas.

    K.M.

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  10. É tbm a esse padrão a que me refiro nas minhas anotações como ''expansão financeira sistêmica''.

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  11. A hiper-acumulação de capital e a intensa competição entre os Estados pelo capital circulante. A primeira tendência cria o que chamo de condições de oferta das expansões financeiras, enquanto a segunda cria suas condições de demanda.

    K.M.

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  12. A repetição das expansões financeiras no sistema capitalista moderno, desde suas mais remotas- origens nas cidades-Estado da Itália renascentista, foi salientada por Fernand Braudel, que destacou condições de oferta. Toda vez que os lucros do comércio e da produção se acumulavam '' numa escala que ultrapassava os canais normais de investimento, o capitalismo financeiro ficava em condições de assumir e dominar, pelo menos por algum tempo , todas as atividades do mundo dos negócios '' (Braudel )

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  13. Ao atingir esse estágio , ''todo grande avanço capitalista parece anunciar sua maturidade ''. Historicamente, as expansões financeiras de Braudel sempre ocorreram em conjunto com uma intensificação da competição internacional pelo capital circulante. Braudel não diz nada sobre essa competição, a despeito da observação de Weber de que ela constitui '' a singularidade histórica mundial da era moderna ''

    K.M.

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  14. AS expansões financeiras tem um impacto contraditória na tendência hegemônica. Por um lado , mantêm-na sob controle, inflando temporariamente o poder do Estado hegemônico. Como uma espécie de ''outono'' dos grandes avanços capitalistas, as expansões financeiras são tbm o outono de uma parte das estruturas hegemônicas, que devem passar por um processo mínimo de reorganização para inserir-se na linha de novos avanços. Trata-se do momento em que o líder de uma grande expansão do comércio e da produção mundiais que está chegando ao fim colhe os frutos de sua liderança, sob a forma de um acesso privilegiado à liquidez super-abundante que se acumula nos mercados financeiros mundiais.

    K.M.

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  15. Esse acesso privilegiado é o que permite à nação pretensamente hegemônica ''barrar'' (ao menos por algum tempo ) as forças que desafiam a continuidade de sua preponderância.

    K.M.

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  16. Por outro lado, as próprias expansões financeiras provocam tensões com essas mesmas forças, ampliando o alcance da competição inter-estatal e inter-empresarial, e transferindo o capital para as estruturas emergentes que prometem maior segurança ou lucros mais elevados que a estrutura dominante.Assim, é comum que o Estado hegemônico veja-se confrontado com tarefas quase sísificas de conter (frequentemente ou não) forças que continuam a rolar com um vigor sempre renovado. Cedo ou tarde, até uma pequena perturbação torna-se capaz de inclinar a balança definitivamente a seu favor.

    K.M.

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  17. A reprodução desse padrão ao longo dos séculos tem sido tanto uma questão de contingência histórica quanto uma necessidade sistêmica cientificamente comprovada. Além disso, a própria evolução do sistema tornou mais problemática ou complexa do que no passado a reprodução do padrão.

    K.M.

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  18. As expansões e reestruturações da economia mundial tem ocorrido, antes, sob a liderança de determinadas comunidades e blocos de agentes governamentais e empresariais, singularmente bem-posicionados para tirar proveito de qualquer consequência ''não pretendida'' que por acaso advenha dos atos de outros agentes.

    K.M.

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  19. Este comentário foi removido pelo autor.

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