segunda-feira, 24 de abril de 2017
DE VOLTA PARA OS ''FUTUROS''
O predomínio do mercado futuro indica que o risco de câmbio perde espaço para o risco de crédito , isto é , o risco de que a contraparte não seja capaz de honrar suas cláusulas contratuais. Este tipo de risco microeconômico é especialmente relevante no caso dos derivativos de câmbio cujos contratos e balcão tinham um valor bruto de mercado da ordem U$ 1,6 trilhão no começo dos anos 1990. Houve casos individualizados de impossibilidade de honrar passivos que foram absorvidos pelo mercado , com ou sem assistência de bancos centrais. Não representaram ameaça alguma de contágio sistêmico. Existe tbm a possibilidade de os contratos de derivativos virem a ser influenciados por variações intensas ou por elevada volatilidade conjuntural das taxas de câmbio futuro assim como do comportamento destas, na curto prazo, sendo condicionado pelos derivativos. Os riscos de mercado que os agentes envolvidos correm advém das possibilidades de variações no curso futuro do câmbio alterarem posições à descoberto no mercado de derivativos. A probabilidade de variações neste mercado retroagirem sobre o preço dos subjacentes tbm não pode ser considerado desprezível na avaliação dos riscos microeconômicos envolvidos. A partir do começo da década de 1990 , a elevação dos riscos microeconômicos afetou a estrutura de funcionamento de alguns importantes mercados de câmbio , em particular os europeus em 1992 e 1993 , e depois os asiáticos. Aparentemente não houveram, até 2008, notícias de bancos com participação destacada em intercâmbios relevantes que tenham revelado fragilidade estrutural a ponto de elevar desmesuradamente o risco sistêmico , talvez porque os bancos centrais tenham segurado os seus sistemas bancários . É preciso reconhecer, no entanto , que a opacidade dos sistemas atacadistas de pagamentos e a possibilidade de ocorrência de ''exposure'' de crédito de magnitude significativa são sintomas da instabilidade potencial destes sistemas . Não por acaso o número de fusões e aquisições no setor financeiro veio crescendo muito e as intervenções dos bancos centrais como emprestadores de última instância têm se multiplicado. Porém, qualquer avaliação das possibilidades de tal instabilidade transformar-se em risco macroeconômico ou sistêmico só pode ser feita a partir do conhecimento minucioso de cada agente envolvido, de suas posições relativas na rede de créditos e débitos, de suas inter-conexões, de suas inter-conexões com outros mercados de ativos e de divisas e das ações concretas dos bancos centrais envolvidos. Tampouco as crises nos mercados domésticos de câmbio têm se espraiado para os demais mercados em magnitude tal que comprometessem os fluxos internacionais de capitais para determinadas regiões, levando-as a ajustes na absorção de créditos do exterior do exterior e ipso facto nos níveis de produção e emprego domésticos, como no México em 1995 e, depois, na Tailândia, Filipinas, Malásia e Indonésia. Como os fluxos de investimento de portfólio concentram-se em títulos em dólar, e em ações das grandes corporações transnacionais, crises em mercados marginais não afetam o sistema internacional de forma duradoura. No limite extremo, colocam alguns bancos e fundos de investimentos em posições de liquidação, nada mais.
K.M.
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