domingo, 23 de abril de 2017

''COMPLEMENTO FELIZ ''

Já foi suficientemente ressaltado o fato de que Nelson Werneck Sodré, na sua fervorosa defesa do Nacionalismo , não o entendia como uma PRÁTICA IDEOLÓGICA  (ao contrário dos isebianos que afirmavam que o Nacionalismo como ''política ideológica '' por excelência ). Mas todos concordariam com Sodré quando proclamava, por exemplo ,que no âmbito do subdesenvolvimento só se opõe ao Nacionalismo  aquelas mesmas forças econômicas e sociais que por aqui ajudaram o nazismo e o fascismo. Diz ele como porta voz do Nacionalismo ''Não-Xenófobo'' ou não ''Jacobinista '' ---- como se dizia na linguagem política da época ----que  ''não procedem as comparações solertemente apresentadas , como acusatória de que o Nacionalismo é historicamente inatual -----o colonialismo também o foi ---- e que pode levar aoque levou na Alemanha e na Itália ''. Nesta mesma  linha ---- a de que os Nacionalismos dos países  subdesenvolvidos não tem conotação e ''vocação '' imperialistas ----,  Vieira Pinto radicalizará o argumento ao procurar mostrar que o Nacionalismo encontraria no Internacionalismo (não proletário ) seu ''COMPLEMENTO FELIZ '' ; ou seja, não só deixaria de existir incompatibilidade entre essas duas práticas políticas, como o Nacionalismo se constituiria na condição ''necessária'' de um verdadeiro e autêntico Internacionalismo . Anunciando a sociedade ''a ser forjada pela prática Nacionalista '', Sodré nos faz lembrar em seus livros e discursos algumas promessas contidas nos movimentos milenaristas e no nacionalismo utópico. Apesar de longa, a citação seguinte se justifica  posto que  nos dá a  medida exata da excelência do Nacionalismo como SOLUÇÃO UNIVERSAL  para problemas  que afetaram a existência humana em toda sua história:

''Na fase em que nos encontramos, nosso conceito de Nacionalismo tem de ser interpretado como procedimento pelo qual nos integraremos num Internacionalismo autêntico, ou das nações em luta pela humanização da vida e de  suas populações. O Nacionalismo, ao afirmar-se e consolidar-se nos seus princípios, conduz, assim, a identificar-se com um Internacionalismo que não o destrói , não revoga  nenhuma de suas teses, não substitui nenhum de seus ideais, antes encontra nessa nova etapa a plena realização daquilo que pregava (...) Quando houver conquistado a condição de pleno desenvolvimento, sob a direção do pensamento Nacionalista,  nosso país terá trilhado um caminho histórico diverso daquele seguido pelas atuais potências dominantes. Estas precisaram fazer-se imperialistas para galgar a culminância a que chegaram . Mas os países que se elevaram à completa autonomia  pela via do Nacionalismo, tendo abolido ao longo da sua marcha histórica todas as formas de espoliação de suas próprias massas trabalhadoras, chegarão ao plano do desenvolvimento superior inocentes de qualquer crime contra a Humanidade, contra nações mais fracas, e deste modo se a integração, sem violências recíprocas, na sociedade ecumênica futura, onde terá cessado  definitivamente toda espécie de exploração humana. Concebio ao término de sua missão histórica, o Nacionalismo se revela uma forma de  integração internacional, identificando-se dialeticamente com o Internacionalismo. Esse será o modo como as nações, tornadas inteiramente livres e sem opressões internas de grupos particulares sobre a sociedade e a economia, se unificarão numa coletividade universal ''

Nelson Werneck Sodré

9 comentários:

  1. ''Na fase do capitalismo histórico em que nos encontramos, nosso conceito de NAcionalismo tem de ser interpretado evolutivamente como o procedimento pelos qual nos integraremos num Internacionalismo autêntico''

    NWS-Recapitulado)

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  2. Ressalte-se entretanto que não se trata de maneira alguma do ''socialismo utópico '', ou mesmo de qualquer socialismo ---- o Nacionalismo não versa sobre ''abolição das classes'' . Como podemos perceber analisando o contexto em se inseria o pensamento de Sodré , a ''superação de toda exploração humana '', a que o autor se refere, verificar-se-á no próprio âmbito da nação capitalista desenvolvida e autônoma.

    K.M.

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  3. Diante dos ''Nacionalismos exacerbados'' e dos críticos ''equivocados '' ou ''radicalizados '' deste pensamento, os autênticos defensores do Nacionalismo viável hoje em dia procuram instaurar uma filosofia racionalizadora do comportamento político tbm social. ---- Entendido assim o Nacionalismo se despe de seus trajes mais ''criticados '' para se tornar basicamente um ''meio para se alcançar alguns fins''

    K.M.

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  4. É como tal que o Nacionalismo pode e deve ser exercido . Os meios mais adequados ---- e cujo emprego, portanto, será mais nacionalista à realização do desenvolvimento -----não são, necessariamente, os que se manifestam como tais na perspectiva de um ''espaço abstrato'' e si m os que se revelem na situação efetiva concreta do país. NACIONALISMO DE FINS : já continuo...


    K.M.

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  5. Um exemplo histórico no caso brasileiro certamente é a ''política do petróleo do período que estamos abordando ----- o que tornava a política petrolífica brasileira naquele tempo ''NACIONALISTA '' não era o fato da PEtrobrás ser dirigida por brasileiros natos; a rigor, para efeitos do NACIONALISMO proposto aqui através de Sodré , a política nacionalista do petróleo brasileiro poderia muito bem ser realizada pela Standard Oil , o qualquer outra empresa, desde que CONCRETAMENTE , na situação presente do país, essa fosse ''A FORMA MAIS EFICAZ DE EXPLORAR O PETRÓLEO BRASILEIRO E PROPORCIONAR À ECONOMIA NACIONAL O PLENO USO E CONTROLE DE TAL MATÉRIA-PRIMA

    K.M.

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  6. PERSPECTIVA MUITO PRÓXIMA DESSE NACIONALISMO ''CALCULISTA '' ,METÓDICO E RACIONAL QUE ERIGE EM CRITÉRIO DE TODAS AS SUAS DECISÕES A ''EFICÁCIA '' DE TODO E QUALQUER MEDIDA ECONÔMICA ----- PONDO ASSIM ENTRE (PARêNTESIS) A QUESTÃO MENOS IMPORTANTE DA DUVIDOSA ORIGEM OU PROCEDÊNCIA DE TAIS MEIOS ---- ENCONTRAM-SE EM VÁRIOS OUTROS AUTORES BRASILEIROS DO PERÍODO LIGADOS À SODRÉ, COMO H. JAGUARIBE E GUERREIRO RAMOS.

    K.M.

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  7. Promover a ascensão da CONSCIÊNCIA NACIONAL de seu estado ingênuo para seu estado crítico-propositivo, capaz de denunciar as exaltadas e míopes ''atitudes dos nacionalistas folclóricos'' e emocionais '', na medida em que estes nunca demonstraram, ao longo da história, possuírem a sensibilidade política para perceber os ''LIMITES MATERIAIS DAS OPÇÕES ''

    K.M.

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  8. Argumenta ainda Sodré ---- interpretando as razões de tantos malogros nas ''revoluções nacionais latino-americanas '' que ocorreram em todas elas uma ''desproporção absolutamente BIZARRA entre as suas METAS e as suas respectivas BASES REAIS.

    k.m.

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  9. DAÍ A CLÁSSICA PONDERAÇÃO DE SODRÉ AOS TEÓRICOS DO NACIONALISMO DE ENTÃO :

    '' Nossa pretensão ao desenvolvimento depende em grande parte, de um lado, de uma adequada apreciação dos custos de produção que leve em conta seus efeitos multiplicadores não apenas diretos, mas tbm indiretos, no domínio político-social, bem como a variada significação do tempo nos países em diferentes fases de evolução ; de outro , de que o legítimo critério de auto-determinação não se transforme numa atitude discriminatória sistemática contra os capitais estrangeiros, nem em ingênua proteção de empreendimentos econômicos nacionais de baixa produtividade e que possam operar com menores ônus para a coletividade se expostos ao jogo concorrencial.

    K.M.

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