O déficit comercial dos Estados Unidos caiu em fevereiro de 2017 para $ 43, 6 bilhões, número 9,6% menor que o déficit de $ 48, 2 bilhões apurado em janeiro do mesmo ano (Departamento de Comércio ). AS exportações americanas cresceram 0,2 % para $ 192, 9 bilhões; e as importações recuaram para $ 236, 4 bilhões. , com o fluxo de produtos chineses encolhendo $ 8,6 bilhões ---- o déficit com a China diminuiu para $ 23bilhões em fevereiro, 26, 6 % abaixo do total de janeiro . As mudanças na política dos Estados Unidos com a China tem o objetivo de tornar o mercado mais competitivo e igualitário para as empresas americanas afetadas pelo desequilíbrio da balança comercial americana nos últimos dez anos. O dumping dos produtos chineses na América abaixo de seus justos valores e a política de Pequim de subsidiar setores de sua produção às custas de concorrentes americanos não tem porque não ser combatidos. O governo chinês pode vir a limitar algumas exportações chinesas voluntariamente e oferecer acordos para que empresas chinesas comprem produtos americanos de alto valor ( e os americanos podem acreditar nisso ... ou não ). Na verdade, um bom número de congressistas americanos já não acreditam mais na eficácia desses caminhos paliativos... a carne americana ainda não pode entrar na China, apesar de Pequim ter derrubado a proibição à importação de carnes. Há ainda outros compromissos comerciais pendentes ???, Até que ponto onerar setores chineses com altas tarifas é ''isolacionismo'', ''guerra comercial '' e ''atraso econômico '', como canta a mídia liberal e uma certa mídia econômica européia ???Imposição de regras comerciais nos termos da lei americana, caso venha a ocorrer, jamais poderá ser vista (na minha opinião ) como uma ''descabelada e belicosa'' ação unilateral despótica capaz de provocar ''retaliações na mesma linha '' ; a condição americana atual é muito mais a do país que ''retalia'' um atraso que lhe veio sendo imposto por um bloco burocrático internacional que manda no comércio do mundo do que a de um ''pretensioso xerife do comércio global ''. O Governo Obama (responsável direto pelo 'politicamente sensível '' déficit de $ 347 bilhões em 2017 ) optou por inundar a OMC com processos contra Pequim do que mudar sua política ----- processos que se arrastam por anos para produzir resultados em alguns setores da economia . Mas as políticas monetárias e cambiais não podem deixar de ser tema permanente nesse debate, uma vez que delas dependem a estabilidade buscada para a economia pelo governo americano. A CHina, por sua vez , em 2016 , foi permanentemente confrontada com o desafio de evitar a depreciação do yuan e esfriar um mercado imobiliário super-aquecido ---- mas após desatrelar o yuan do dólar em agosto de 2015, o Banco do Povo da CHina tentou não intervir para aumentar o valor do yuan. Coma vitória do Presidente Trump, o dólar se fortaleceu e o yuan depreciou-se . A crescente expectativa por mais depreciação levaram a mais fuga de capitais da China. Foi então que o BPC impôs restrições mais rígidas à saída de capital de curto prazo . O sistema fixo baseado em preços médios e o pacote de câmbio baseado no mercado (11 moedas ) amainaram a tempestade cambial chinesa com uma faixa de flutuação bidirecional para o câmbio yuan-dólar. Tudo isso, antes da posse do Presidente Trump . Talvez a restrição duradoura sobre saída de capital em curto prazo da CHina não deva ser considerado um ''alvo '' pelos formuladores de política econômica do governo americano , ainda que o tema seja controverso há anos. A liberalização total da conta de capital da CHina é arriscada para a CHina e para o resto do mundo. ''AS cotas ajustáveis para que investidores institucionais nacionais e estrangeiros qualificados administrem fluxos de capital internacional em curto prazo continua sendo uma tática valiosa para proteger as reservas cambiais e o câmbio chinês '' (Jun ) . O tema sempre me atraiu muito, pois envolve os principais elementos que fundamentam minha visão sobre ''inflação '' e balança comercial. Obviamente , minha interpretação do fenômeno inflacionário não é estritamente monetarista, e minha análise busca certa distância preconceituosa e saudável dos clamores quanto à relação da inflação com a expansão fiscal num contexto de ''proto-pleno-emprego'' , como o da América atual. Nenhuma dessas visões quantitativistas puras, que vivem floculando na mídia liberal pela voz de acadêmicos, consegue falar muito sobriamente sobre a relação entre moeda e preços atendo-se ao exame das condições correntes de produção. Caminha-se com mais segurança com aqueles que enxergam (em determinados contextos ) na ''inflação '' uma das causas no desequílibrio da balança comercial... o déficit externo reflete um excesso de demanda sobre a produção interna, o que , por sua vez , repercute na situação inflacionária. Quando crescem as necessidades de importação , nada obriga a que ocorram déficits, exceto em situações em que prevaleça excesso de demanda. Caso contrário , a eventual demanda por importações implica a redução da demanda por bens de produção interna, liberando fatores de produção para as atividades exportadoras ou para as substitutivas de importações. A expansão de importação é (assim ) compensada seja pela expansão das exportações, seja pela produção interna de bens anteriormente importados. A sobrevalorização da moeda nacional tbm ocasiona déficits, ou a inflação ocasiona a sobrevalorização da moeda nacional. Situações inflacionárias dificultam escapar à sobrevalorização, pois esta representa um fenômeno re-alimentador do processo inflacionário ; outra, é que pode vir a repercutir desfavoravelmente na balança comercial , dada a forte inelasticidade-preço da demanda internacional . Onde o mecanismo político clássico de eliminação do déficit comercial não funciona, torna-se necessária a alternativa política da desvalorização cambial . A inflação não apenas distancia a moeda nacional do nível de paridade, sobrevalorizando-a, mas, igualmente, torna difícil executar uma política de restabelecimento de paridade através da desvalorização ----- porque as autoridades monetárias temem que a desvalorização acelere o processo inflacionário via aumento do custo das importações, e tbm porque (em termos gerais )temem afetar a renda das exportações em moeda externa, bem como a capacidade para importar e o próprio equilíbrio buscado, em função da queda no preço internacional dos produtos que o país exporta.
K.M.
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