Convém talvez considerarmos um pouco a inserção do continente latino-americano na economia mundial nos anos 1980 ---- como se sabe, a América Latina se viu a partir de 1985 confinada a uma posição marginal tanto nos fluxos de comércio quanto de investimento AS diferenças nacionais importantes em termos de padrão histórico e grau de industrialização ---- particularmente pelo êxito do desenvolvimento brasileiro e mexicano e a desindustrialização chilena e argentina no fnal dos anos 1970 ; não diferenciaram os países enqanto devedores do sistema financeiro internacional . O intenso esforço exportador latino-americano ocorrido nos anos 1980 e, particularmente, pós-85 foi acompanhado por deterioração os termos de troca concentrando-se, com exceção do México e parcialmente do Brasil , essencialmente nas commodities agrícolas e industriais . Entre as duas crises mexicanas (1982 e 1994) , os acontecimentos econômicos e políticos sucederam-se na direção de uma intensa abertura comercial e financeira. A stratégia comercial norte- americana voltada para a recuperação da competitividade de suas exportações, como as que antes examinamos aqui , constituiu um elemento central para o entendimento da mudança do contexto macro-econômico dos anos 80 em relação aos 90 e daatual inserção internacional latino-americana . Com efeitos, a crise dadívida externo nos 80 significou forte contração das exportações americanas para a região. Segundo Hollist: ''Paradoxalmente, para amortizar dívidas as nãções latino-americanas necessitavam aumentar suas exportações e reduzir importações. Isso, obviamente, colidia de frente com a necessidade dos Estados Unidos de aumentarem suas exportações e reduzir importações de forma a diminuir seu desequilíbrio, incluindo aquelecom o Japão. (Hollist, W.L. : Reducing Bilateral Tensions between United States and Japan: Multilateral Cooperation in the Americas and Beyond ). Para este autor, o crescente envolvimento dosbancos japoneses na dívida externa latino-americana --- em 1988 os bancos comerciais japoneses possuíam cerca de U$ 46 bilhões em empréstimos para países latino-americanos mais do que o dobro do que possuíam em 1982 --- sobretudo no Plano Brady de 1989 visava-se ''compensar os problemas criados pelo enorme superávit da balança de transações correntes com os EStados Unidos na metade da década.Ambos os governos de Estados Unidos e Japão esperavam que a reciclagem decapitais japoneses para a América -Latina permitiria às nações da região retomar sua função tradicional de maior mercado dos Estados Unidos além de contribuir para a diminuição do seu déficit comercial. Com a reestruturação da dívida e a abertura comercial financeira unilateral e universalmente praticada no continente no final dos 80 e início dos 90 , o panorama mudou drasticamente. Mais do que qualquer fundamento macroeconômico endógeno , os protagonistas centrais desta mudança inaugurada no final da década foram a redução das transferências financeiras decorrentes da redução das taxas d juros e da reestruturação da ´divida e as inovações nos mercados financeiros internacionais. Com a securitização da dívida externa pela emissão de bônus negociados no mercado financeiro internacionais, o continente, precedido pelo México, reingressou no circuito financeiro como receptor de investimentos de portfólio. Uma das condições essenciais de acesso às novas condições das finanças internacionais tornou a estabilidade das taxas de cambio em regime de livre convertibilidade. Isto significou no caso latino-americano uma drástica mudança na politica cambial historicamente vigente. Nas novas condições, hoje prevalecentes na maioria das economias da região com parcial exceção do Chile, ataxa de câmbio passou a ser determinada pelo fluxos financeiros (desvinculando-se dos saldos comerciais e do poder aquisitivo das moedas ) influenciando, por esta via, os fluxos comerciais. Os vínculos entre taxa de juros e taxa de câmbio provocaram uma importante instabilidade em ambos ----- isso tornou-se evidente na crise Mexicana --- ampliando a subordinação da politica econômica às flutuações dos mercados financeiros. Justo : esta nova situação internacional, ao lado da redução relativa das transferências financeiras, foi o que viabilizou, em ultima instância, o financiamento de uma VERDADEIRA EXPLOSÃO DAS EXPORTAÇÕES NORTE-AMERICANAS PARA O CONTINENTE. Com uma rápida recuperação da capacidade global de importar do continente , as exportações norte-americanas passaram de cerca de U$ 35 bilhões em 1987 para U$ 93 bilhões, em 1994, cerca de 18% das exportações totais americanas. Este ajuste importador latino-americano foi essencialmente puxado pelo Me´xico. O resto do continente ainda que numa dimensão menos siginificativa, passou de uma situação superavitária para uma posição deficitária com os EStados Unidos.
K.M.
A estratégia mercantilista norte-americana praticada nosanos 1980 e na sequência pareceu seguir uma direção oposta à desenvolvida pela Inglaterra já nos aos 1970. Nos 80 , o peso da dívida externa latino-americana, isto é, as transferências financeiras para os grandes bancos norte-americanos tinha como contrapartida a redução do mercado externo para a grande indústria americana. A defesa de uma estratégia comercial agressiva por parte do governo dos Estados Unidos e a reestruturação da dívida externa permitiram refundir os interesses financeiros e industriais do capitalismo yankee para a região . Em seu ''famoso'' texto, Tavares já observava que o maior grau de abertura da economia nrte-americana encontrava sérias resistências nos setores mais afetados. Entre o protecionismo interno e a retaliação dos protecionismos externos a política americana pós 1985 logrou promover e rejuvenescer sua velha estrutura produtiva e comercial. A abertura latino-americana , sem dúvida, tbm se insere neste movimento.
ResponderExcluirK.M.