O Acordo de Plaza realizado pelo G-7 em 1985 forçou uma pronunciada valorização do iene frente ao dólar ---- em um ano o dólar passou de 250 para 155 ienes ---- e inaugurou uma ampla ofensiva comercial dos Estados Unidos visando reverter seu desastroso déficit estrutural na balança comercial com o Japão. O ano de 1985 foi um divisor de águas ; neste ano os Estados Unidos registraram déficits comerciais e fiscais (ou déficits gêmeos, como alguns preferem) SEM PRECEDENTES. Adicionalmente, os Estados Unidos se transformaram na nação mais endividada do mundo, sendo substituída pelo Japão como maior nação credora. Também durante este ano tratados comerciais extremamente protecionistas (muitos dels dirigidos para o Japão tendo em vista seus MASSIVOS SUPERÁVITS ) foram submetidos ao Capital Hill . Era intenção do Congresso americano ( que possui a jurisdição constitucional sobre o comércio exterior ) sinalizar para Ronald Reagan que o Legislativo iria assumir o controle da política comercial a menos que o Executivo exercesse maior controle sobre a macroeconomia e as práticas ''injustas '' do Japão e de outros grandes parceiros comerciais. No outono de 1985, Reagan finalmente cedeu à pressão do Congresso decidindo intervir (através do Acordo de Plaza, G-5) no mercado cambial e invocar ativamente o Artigo 301 do Tratado comercial de 1974 de forma a controlar as práticas comerciais consideradas ''injustas '' . Como o ''Omnibus Trade Acts de 1988 --- que continha a SUPER 301 ---- a política mercantilista americana aumentou a capacidade de retaliação às consideradas ''unreasonable, unfair or inqutable trade pratices ''. Em 1989, o Japão foi colocado na lista dos ''unfair traders'' e foram abertas negociações em torno do denominado Structural Impediments Initiative. Conforme sublinha H. Sato, a ''ofensiva comercial a partir de 1985 distingue-se pela agressividade e a determinação das políticas anteriores baseadas nos acordos de limitações voluntárias de exportações (Voluntery Export Restrictions ) e na ''market acces strategy '' focalizada na promoção de exportações agrícolas e de setores de alta tecnologia. Enfim , A transformação do Japão nos anos imediatos ao Acordo de Plaza no maior investidor internacional constituiu uma estratégia de ajustamento estrutural aos novos alinhamentos macroeconômicos. Sob intensa pressão comercial exercida pelos Estados Unidos e perda de competitividade de suas exportações, o Japão intensificou um processo de deslocamento produtivo em direção aos países do leste e sudeste asiático. A organização de uma economia regional liderada pelo Japão fez parte dos processos de reorganização dos espaços econômicos e políticos no contexto da Guerra Fria... como já vimos em textos anteriores. A percepção de que a valorização do iene era uma mudança duradoura e não temporária afirmou-se rapidamente como uma ''CONVENÇÃO '' tanto para as empresas japonesas quanto para as burocracias. A resposta das empresas japonesas à apreciação do iene e à continuada fricção comercial foi de três tipos : Primeiro elas investiram pesadamente em casa de forma a acelerar a produtividade e cortar custos. Em segundo lugar ,elas investiram pesadamente nos Estados Unidos e, numa menor extensão, na Europa, de modo a abastecer diretamente estes mercados com plantas locais, evitando protecionismo e protegendo lucros. E, finalmente, elas relocalizaram a produção para países de baixo custo no Leste Asiático, primeiro nos NICs e depois na ASEAN e China de forma a exportar tanto para terceiros mercados e de volta para o Japão como para abastecer mercados locais. Tudo isso nos indica que as empresas japonesas perceberam a apreciação do iene pós Plaza como uma MUDANÇA PERMANENTE , e não um DESLOCAMENTO TEMPORÁRIO . A valorização do iene, a estratégia de investimentos do Japão e o crescimento da economia americana beneficiaram fortemente países como Coréia e Formosa. Cumpre ainda ressaltar que ai importância estratégica da política cambial praticada por estes países... .Na primeira metade dos anos 1980, ambos desvalorizaram suas moedas em relação ao dólar seguindo o iene. Na segunda metade da ´decada, seguiram o movimento do dólar desvalorizando suas moedas em relação ao iene. O crescimento dos já elevados excedentes comerciais em ambos os países levou a um brusca mudança de atitude dos Estados Unidos com o fim de cláusulas de tratamento preferencial, com a imposição de restrições voluntárias de exportações e, por fim , pela valorização de suas moedas no final da década. Da mesma forma que o Japão, Coréia e Formosa tornaram-se importantes investidores no início dos 90. Países como Tailândia, Indonésia, Malásia, Filipinas (denominados na época de ASEAN _4 e ; .. do aumento de investimentos e da competição externa acelerada pelos IDE japoneses, A valorização do iene inicialmente beneficiou os NICs (os quatro Tigres Asiáticos , que receberam amplo volume pelo IDE japonês. Inicialmente estes investimentos concentraram-se em manufaturas intensivas em trabalho , mas subsequentemente deslocaram-se para setores intensivos em tecnologia a medida que os salários subiam e a moeda destes países valorizava-se em relação ao dólar depois de 1987. ''VALORIZAÇÃO DAS MOEDAS E CRESCIMENTO DOS SALÁRIOS NOS NIEs BEM COMO SENTIMENTOS ALTAMENTE PROTECIONISTAS CONTRA ESTS PAÍSES EXPLICA PORQUE O IDE JAPONÊS, PARTICULARMENTE EM MANUFATURAS INTENSIVAS EM MÃO DE OBRA MOVEU-SE GRADUALMENTE PARA ASEAN E CHINA'' (Akyus ) . A aceleração do crescimento dos países da ASEAN-4 deveu-se ao BOOM das exportações e ao investimento , sobretudo sob a forma de IDE do Japão e demais ''Tigres''. Talvez o caso mais espetacular de crescimento neste período tenha sido o da China. Em 1984, o financiamento externo da economia chinesa foi de U$ 13 bilhões e o IDE de U$ 12,6 bilhões. Em 1987 estes números foram, respectivamente, U$ 59 e U$ 23 bilhões, totalizando a impressionante cifra de U$ 84, 5 bilhões. Ajudada por uma forte desvalorização do yuan tanto em relação ao iene quanto ao dólar , a meteórica expansão do comércio exterior chinês foi inteiramente articulada com o IDE de origem asiática, em particular, de Hong-Kong, responsável por quase 60% dos IDE que se deslocaram nestes anos para a China. A expansão de investimento de Hong-Kong na China alterou drasticamente o comécio internacional de Hong-Kong . Até 1985, a maior parte das exportações desta cidade-Estado era de origem própria. A partir de 1985 e maisainda apartir de 1989, a maioria de suas exportações era formada por re-exportações oriundas da China que ,ademais, afirmou-se como grande mercado para as exportações da ilha.Tbm Hong-Kong, como a Coréia e Formosa perdem em 1989 o sistema de preferências generalizado outorgado pelos Estados Unidos, o principal mercado para estes países. Na Ásia, como será examinado por nós em breve, as conexões entre comércio e investimento fizeram parte de um mesmo movimento ''ARTICULADO ''.... Com a desvalorização de suas moedas a partir de 1988, Coréia e Formosa passaram a sofrer uma intensa pressão dos Estados Unidos para uma maior abertura comercial e liberalização financeira. O aspecto central é que inicialmente o Japão, e posteriormente a Coréia e Formosa , realizaram, sob pressão, importantes mudanças nos seus padrões de financiamento. A manutenção de baixas taxas de juros na segunda metade da década e de moedas relativamente valorizadas em termos do dólar no final da década resultou , como ocorreu no Japão, menos uma ampliação dos mercados financeiros asiáticos para os bancos americanos e mais numa internacionalização dos bancos e dos investimento asiáticos. Nas demais economias, com a exceção da China, houveram amplas transformações na direção da abertura financeira. É nesse contexto que podemos considerar o amplo pacote de reformas financeiras liberalizantes que ocorreram na região, incluindo a desregulação das taxas de juros, que foi particularmente importante na Coréia em 1988 com as taxas de empréstimo , em Fomosa ocorreu um movimento gradual ao longo da década. Na demais economias da ASEAN a liberalização foi intensa sob os auspícios do FMI e do BIRD ---- mas o mesmo não se deu com a alocação de crédito . Importou muito também a reforma e privatização no sistema bancário (incluindo o Banco de Desenvolvimento d Coréia ), além da desregulação dos controles no mercado de câmbio..
K.M.
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